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ENERGIA
Decisão poderá implicar grande derrota do governo
STF inicia julgamento da MP que criou o novo modelo do setor elétrico
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O STF (Supremo Tribunal Federal) começou a julgar ontem a validade da medida provisória que
criou o novo modelo do setor elétrico, e o relator, ministro Gilmar
Mendes, votou contra a aplicação
da MP sobre toda a energia gerada por usina hidrelétrica.
Se esse entendimento for seguido pelos outros dez ministros, a
decisão do STF implicará uma
grande derrota do governo, porque a imensa maioria da energia
consumida no país é de origem
hidráulica. O julgamento foi suspenso por um pedido de vista do
ministro Joaquim Barbosa, após
Mendes dar o seu voto. Não há
previsão de retomada.
A medida é contestada pelos
dois principais partidos de oposição, o PSDB e o PFL, que entraram com ações diretas de inconstitucionalidade logo após a edição
da medida pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, em dezembro último. Com alterações, o texto da MP já foi aprovado na Câmara e será analisado no Senado.
O governo tem pressa na conversão da medida em lei, pelo
Congresso, porque espera afastar
a derrota judicial com o desaparecimento da figura jurídica da MP,
mas o êxito da estratégia é incerto.
Após a sessão plenária de ontem, Mendes disse que, se a MP
virar lei antes de o STF concluir o
julgamento e posteriormente a
medida for considerada inconstitucional, o tribunal deverá abrir
um novo debate sobre o tema,
desta vez quanto à validade de
uma lei que surgiu de uma MP
"contaminada".
A polêmica jurídica é que a
Constituição proibiu o uso de MP
para regulamentar normas contidas em emendas constitucionais
promulgadas a partir de 1995. No
entendimento de Mendes, a energia gerada por hidrelétrica se enquadra nessa restrição.
Em dezembro, o receio do governo de sofrer derrota levou ao
STF, no mesmo dia, os ministros
Dilma Rousseff (Minas e Energia)
e Álvaro Augusto Ribeiro Costa
(Advocacia Geral da União) e pelo menos dois deputados governistas, Sigmaringa Seixas (PT-DF) e Luiz Eduardo Greenhalgh
(PT-SP). Todos conversaram
com Mendes.
Ele votou ontem por suspender
três artigos da medida -1º, 2º e
7º- e por adotar uma interpretação jurídica pela qual o novo modelo do setor elétrico não pode ser
aplicado à energia gerada por hidrelétrica.
O relator é favorável à suspensão integral dos dois primeiros artigos, que autorizam o governo a
definir o novo modelo do setor.
Segundo Mendes, essa definição
precisa partir do Congresso. O
trecho do artigo 7º do qual ele diverge trata de inadimplência.
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