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BIOSSEGURANÇA
Marina Silva aceita prorrogar autorização para o plantio de soja em troca de poder exigir licenciamento ambiental
Acordo libera nova safra de transgênicos
ANDRÉ SOLIANI
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para conseguir manter o poder
da sua pasta de exigir o licenciamento ambiental para o cultivo
de um produto transgênico, a ministra do Meio Ambiente, Marina
Silva, aceitou liberar o plantio de
soja transgênica, no país, na próxima safra, que começa no segundo semestre deste ano.
O relatório da Lei de Biossegurança do deputado Renildo Calheiros (PC do B-PE) prorroga
por um ano a legislação, aprovada
em 2003, que autorizou a produção de soja transgênica na atual
safra (2003/2004). "Vamos prorrogar por um ano", afirmou.
A concessão do Meio Ambiente
resultou numa mudança radical
no projeto de lei que seria encaminhado na noite de ontem para
votação. Depois de um dia de
muita articulação política, a ministra conseguiu tirar das discussões o relatório do atual ministro
de Coordenação Política, Aldo
Rebelo, que dava à CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) a prerrogativa de dispensar licenciamento ambiental.
Foi encaminhado para o plenário o relatório de Calheiros, favorável aos ambientalistas. Até as
24h, embora as discussões já tivessem se iniciado no plenário, o
texto do projeto ainda não havia
sido distribuído. A expectativa é
que ele fosse votado na madrugada. Uma vez aprovado na Câmara, ele irá ao Senado.
Pelas regras defendidas por Marina e encampadas pelo governo
no Congresso, a CTNBio só emitirá pareceres conclusivos no caso
de liberação de pesquisas. Para
pesquisas, órgãos dos ministérios
do Meio Ambiente e da Saúde só
exigirão licenciamento se a comissão concluir que é necessário.
Quando a questão for a liberação comercial, a CTNBio fará um
parecer que não precisa ser seguido pelos demais ministérios. O
projeto de Rebelo, ex-relator, estabelecia que as decisões da comissão eram vinculantes.
Rebelo, que esteve no gabinete
do presidente do Congresso, João
Paulo Cunha (PT-SP), disse ontem que "o seu projeto não existia
mais". Considerou as mudanças
de Calheiros positivas.
Para conseguir a mudança, Marina ficou até as 2h de ontem na
casa de João Paulo. Pelo manhã se
reuniu com Calheiros. No final da
noite, o ministro da Agricultura,
Roberto Rodrigues, que considerava o projeto de Rebelo melhor,
foi ao Congresso. Na reunião no
gabinete de João Paulo, Rodrigues
defendeu principalmente uma solução para atual safra.
Colegiado
Pelo projeto de Calheiros, concluídos os pareceres dos órgãos
ministeriais e da CTNBio, ele será
encaminhado ao CNBS (Conselho Nacional de Biossegurança),
um colegiado de ministros vinculados à Presidência, que avaliará
os aspectos socioeconomômicos
do uso da tecnologia e dará a palavra final. Havendo divergências
entre os relatórios de diferentes
órgãos, a decisão caberá ao CNBS.
Além da liberação da soja transgênica neste ano, os ruralistas,
que defendiam o projeto de Rebelo, queriam que Calheiros incluísse um prazo para que o Meio Ambiente emitisse parecer sobre o licenciamento ambiental, uma vez
que tivesse recebido todos os documentos e estudos necessários.
Calheiros afirmou que não
achava a inclusão de um prazo na
lei produtivo, mas disse não se
oporia à idéia para conseguir um
acordo. O prazo seria de 120 ou
150 dias. Até o fechamento desta
edição, o acordo não havia saído.
Outra concessão do governo foi
proibir o uso de embriões humanos para a clonagem terapêutica.
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