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MERCADO FINANCEIRO
Resultado é o pior desde maio
Saldo de investimento estrangeiro na Bovespa diminui em janeiro
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Bolsa de Valores de São Paulo
encerrou janeiro com saldo positivo de R$ 323,5 milhões no fluxo
de investimento estrangeiro. A
despeito do indicador ainda favorável, o resultado é o pior desde
maio do ano passado, quando o
saldo ficara negativo em R$ 148,8
milhões.
Segundo dados da Bovespa, as
ordens de compra de ações por
parte dos estrangeiros no mês
passado somaram R$ 7,883 bilhões, enquanto as de vendas totalizaram R$ 7,560 bilhões -os
dois volumes são os maiores registrados pelo menos desde janeiro de 2003.
A comparação com dezembro
explicita o tamanho no tombo:
naquele mês, embora o volume
movimentado tenha sido menor,
os estrangeiros deixaram a mais
na Bolsa R$ 1,282 bilhão.
Outro aspecto: até o dia 9 de janeiro, a conta de movimentação
estrangeira estava positiva em R$
767 milhões. No dia 20, o saldo recuara para R$ 527 milhões. Ou seja, em 22 dias (entre 9 e 31 de janeiro), os estrangeiros retiram da
Bovespa R$ 443,5 milhões.
João Luiz Mascolo, da Foresee
Asset Management e professor do
Ibmec, aponta fatores determinantes para esse recuo dos investidores: os ruídos provocados por
declarações do presidente Lula e
do ministro José Dirceu sobre a
independência do Banco Central
(nos dois casos, interpretados pelo mercado como sinal de que o
governo não pretende avançar
neste ano no processo de independência do banco) e as dúvidas
sobre como o BC vai equacionar a
política de recomposição de reservas com a emissão (e aumento) de dívida pública.
A isso somaram-se a manutenção dos juros em 16,5% no Brasil
(o que estimula investidores a
comprar títulos, e não ativos de
renda variável), mais a indicação
por parte do Fed (o BC dos EUA)
de que pode aumentar os juros
antes do que previa o mercado.
Não por acaso, a Bolsa, que chegou a subir 7,5% nos nove primeiros dias de janeiro, caiu 10,5% em
apenas três dias (entre 29 e 31),
pós-ata do Copom e Fed, para encerrar o mês positiva em 0,78%.
""Em janeiro, o que tivemos foi
de um lado os "hedge funds" [fundos especulativos] vendendo. Eles
analisam sob a perspectiva do futuro e, nesse ponto, os problemas
da agenda de microrreformas, como a independência do BC, pesa.
E, de outro, comprando, os fundos de pensão estrangeiros, que se
atêm a planilhas que mostram a
rentabilidade de quase 100% da
Bovespa, em 2003. Isso explica os
volumes", diz Mascolo.
Na avaliação de Octávio Vaz,
sócio da corretora Questus, o movimento de janeiro demonstra
que a maior parte dos investidores "montou suas posições". Em
síntese, depois dos volumes recordes de ingressos observados
nos últimos meses de 2003, as
compras nos próximos meses devem ser mais seletivas. "O que observaremos será uma rotação entre um setor [elétrico, siderúrgico
etc.] e outro", diz o analista.
Em janeiro, a participação das
pessoas físicas entre os investidores da Bolsa chegou ao maior nível desde 1994. Se naquele ano
responderam em média por 9,7%
do volume movimentado na Bovespa, no mês passado essa fatia já
chegava a 29,4% -em dezembro,
estava em 25,6%.
Parte considerável desses investidores foi influenciada pelo fato
de que a Bovespa fechou 2003
com alta de 97,3%, enquanto investimentos como os fundos DI
tiveram rentabilidade média de
23% no ano.
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