São Paulo, quinta-feira, 05 de fevereiro de 2004

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TRANSPORTE

Empréstimo de US$ 406 mi para estaleiro e para a Transpetro foi cancelado por falta de garantia, segundo banco

BNDES retira apoio a compra de petroleiros

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) cancelou ontem uma operação de financiamento de US$ 406,3 milhões para a construção e a aquisição de quatro petroleiros encomendados pela Petrobras.
Segundo o banco, o motivo para o cancelamento é que o estaleiro Eisa -que construiria os navios- não apresentou garantias suficientes para obter o empréstimo, aprovado em março de 2003.
Desde a aprovação, o Eisa, localizado no Rio, enfrentou dificuldades para atender às exigências do BNDES. Primeiro, arrumou um sócio estrangeiro (o estaleiro Jurong, de Cingapura), que iria garantir o negócio, viabilizando a liberação dos recursos.
Depois, em outubro de 2003, a Marítima Engenharia e Petróleo adquiriu a participação do Jurong no Eisa por US$ 20 milhões e ficou com 80% do estaleiro.
A Marítima tem um contencioso com a Petrobras de US$ 2,5 bilhões na Justiça internacional e na brasileira por causa do atraso na entrega de quatro plataformas. Na época, a compra do controle do Eisa foi vista por especialistas do setor como manobra para que a companhia voltasse a participar de encomendas da estatal.
O Eisa venceu a licitação da Transpetro (subsidiária da Petrobras na área de transporte) para a construção dos quatro navios em julho de 2002. Do valor total do financiamento, US$ 197,4 milhões seriam destinados ao Eisa para a montagem das unidades. Os outros US$ 208,9 milhões iriam para a Transpetro comprar, posteriormente, os petroleiros.
Segundo o BNDES, toda a operação está cancelada, inclusive a parcela correspondente à Transpetro. O BNDES informou, porém, que poderá financiar a Transpetro na aquisição de novos petroleiros. A Transpetro lançará até março licitação estimada em US$ 1,2 bilhão para contratar a construção de 22 petroleiros.

Outro lado
O vice-presidente do Eisa, Ronaldo Peryles, disse que a Marítima deu garantias suficientes. "O problema é que o banco não as avaliou como satisfatórias." Na avaliação dele, o modelo de financiamento, pelo qual o estaleiro assume o risco, também dificultou a conclusão do empréstimo.
Em nota, a Marítima informou que o formato da operação impede que "o Eisa e qualquer outro estaleiro do país tenham condições de garantir com seu próprio patrimônio um empréstimo da ordem de US$ 200 milhões".


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