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TRANSPORTE
Empréstimo de US$ 406 mi para estaleiro e para a Transpetro foi cancelado por falta de garantia, segundo banco
BNDES retira apoio a compra de petroleiros
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) cancelou ontem uma operação de financiamento de US$
406,3 milhões para a construção e
a aquisição de quatro petroleiros
encomendados pela Petrobras.
Segundo o banco, o motivo para
o cancelamento é que o estaleiro
Eisa -que construiria os navios- não apresentou garantias
suficientes para obter o empréstimo, aprovado em março de 2003.
Desde a aprovação, o Eisa, localizado no Rio, enfrentou dificuldades para atender às exigências
do BNDES. Primeiro, arrumou
um sócio estrangeiro (o estaleiro
Jurong, de Cingapura), que iria
garantir o negócio, viabilizando a
liberação dos recursos.
Depois, em outubro de 2003, a
Marítima Engenharia e Petróleo
adquiriu a participação do Jurong
no Eisa por US$ 20 milhões e ficou com 80% do estaleiro.
A Marítima tem um contencioso com a Petrobras de US$ 2,5 bilhões na Justiça internacional e na
brasileira por causa do atraso na
entrega de quatro plataformas.
Na época, a compra do controle
do Eisa foi vista por especialistas
do setor como manobra para que
a companhia voltasse a participar
de encomendas da estatal.
O Eisa venceu a licitação da
Transpetro (subsidiária da Petrobras na área de transporte) para a
construção dos quatro navios em
julho de 2002. Do valor total do financiamento, US$ 197,4 milhões
seriam destinados ao Eisa para a
montagem das unidades. Os outros US$ 208,9 milhões iriam para
a Transpetro comprar, posteriormente, os petroleiros.
Segundo o BNDES, toda a operação está cancelada, inclusive a
parcela correspondente à Transpetro. O BNDES informou, porém, que poderá financiar a
Transpetro na aquisição de novos
petroleiros. A Transpetro lançará
até março licitação estimada em
US$ 1,2 bilhão para contratar a
construção de 22 petroleiros.
Outro lado
O vice-presidente do Eisa, Ronaldo Peryles, disse que a Marítima deu garantias suficientes. "O
problema é que o banco não as
avaliou como satisfatórias." Na
avaliação dele, o modelo de financiamento, pelo qual o estaleiro assume o risco, também dificultou a
conclusão do empréstimo.
Em nota, a Marítima informou
que o formato da operação impede que "o Eisa e qualquer outro
estaleiro do país tenham condições de garantir com seu próprio
patrimônio um empréstimo da
ordem de US$ 200 milhões".
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