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Negociação com chilenos reabre disputa pela Varig
Gol é nova interessada em assumir empresa; setor pode ter reviravolta, dizem analistas
Com a entrada de novos investidores, fundo norte- americano Matlin Patterson, que adquiriu a Varig em 2006, pode sair do negócio
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
As negociações da Varig com
a chilena LAN começaram a
movimentar o setor de aviação.
A possível entrada dos chilenos
na disputa para assumir a empresa agitou as demais concorrentes. A Gol é a mais nova interessada em comprar a Varig.
Segundo a Folha apurou, o
empresário Constantino de
Oliveira, conhecido como Nenê
Constantino, confidenciou a
amigos que está negociando a
compra da Varig. As assessorias da Gol e da Varig não confirmam a informação.
"Não sei de onde surgiu essa
história. Estamos sempre abertos a conversas, mas não existe
nada de firme. Não vou dizer
que eles nunca tiveram interesse. Não temos nada contra,
eles são uma supercompanhia,
mas pretendemos desenvolver
[a negociação] com a LAN.
Acho que é a melhor parceira
estratégica para a Varig", afirmou Marco Antonio Audi, presidente do conselho de administração da VarigLog, empresa que comprou a Varig.
Na avaliação de Paulo Bittencourt Sampaio, consultor
em aviação, a eventual entrada
da Gol no capital da Varig resolve um problema político do
governo. Se a LAN resolver se
tornar acionista, pode esbarrar
na limitação de 20% de participação de estrangeiras em companhias de aviação.
"Dessa forma, o governo não
precisa rasgar o Código Brasileiro de Aeronáutica. Essa operação garantiria uma empresa
nacionalizada, com o nome Varig nas linhas internacionais.
Existe hoje uma preocupação
fortíssima da TAM e da Gol
com a entrada da LAN no Brasil", disse o consultor.
Disputa no continente
Na última quarta-feira, a
LAN comunicou ao mercado
que ofereceu US$ 17,1 milhões
em créditos à Nova Varig que
podem ser convertidos em
ações. Segundo analistas, a notícia representa o primeiro passo para a venda da companhia e
a saída do fundo americano
Matlin Patterson do negócio.
O fundo costuma ficar no
máximo sete anos na administração de uma companhia. Ele
compra empresas em dificuldades por um valor baixo, recupera a companhia e a revende
por um preço mais elevado.
A LAN é uma das três maiores empresas de aviação da
América do Sul, ao lado de TAM
e Gol. Ela tem uma frota de 80
aeronaves de passageiros e nove de cargas. Conta com subsidiárias na Argentina, no Equador e no Peru. Com a entrada
na Varig, a LAN ganharia uma
vantagem competitiva com
acesso ao Brasil, país de maior
tráfego no continente.
Outro ponto que desperta a
atenção da concorrência é a
credibilidade do novo investidor. Com um nome forte, seria
mais fácil agilizar aquisição ou
leasing de novas aeronaves.
A possível disputa significa
uma reviravolta no processo de
recuperação de uma companhia que quase faliu no ano
passado por absoluta falta de
interesse dos concorrentes. A
Varig foi vendida em julho passado para a VarigLog, empresa
que tem o fundo de investimento americano Matlin Patterson como um dos acionistas.
"O Matlin fez o papel que
ninguém queria fazer. Assumiu
o risco de herdar dívidas, demitiu e manteve o nome Varig, os
"slots" [espaços e horários] em
Congonhas e as concessões de
linhas intercontinentais. A empresa tem ativos significativos", afirmou Sampaio.
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