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COMÉRCIO
Governo formaliza queixa contra vizinho mesmo depois de ter anunciado política de redução de entraves comerciais
Frango leva Brasil à OMC contra a Argentina
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Brasil solicitou formalmente a
abertura de um tribunal na OMC
(Organização Mundial do Comércio) para arbitrar a disputa
com a Argentina em torno do comércio de frangos. O tribunal deverá ser instalado nas próximas
semanas.
Embora o governo brasileiro tenha afirmado que pretende limpar a mesa de negociações com a
Argentina, diminuindo as disputas comerciais e eliminando as
barreiras que impedem o comércio com o vizinho, o Itamaraty decidiu manter o caso dos frangos
na OMC.
De acordo com diplomatas brasileiros, o governo pretende garantir a legalidade das exportações de frango, mesmo que decida não adotar nenhuma medida
contra a Argentina em represália,
caso o parceiro não retire a barreira.
Em novembro, o governo já havia anunciado que a disputa seria
levada a Genebra, depois de ter
perdido o caso no Tribunal de
Controvérsias do Mercosul. Com
o aprofundamento da crise no vizinho e a mudança de governo, o
presidente Fernando Henrique
Cardoso afirmou que o Brasil faria o possível para ajuda a Argentina, principalmente estimulando
o comércio.
Argentina iniciou disputa
No mês passado, o ministro do
Desenvolvimento, Sergio Amaral,
disse que o Brasil eliminaria todos
os entraves ainda existentes no
comércio entre os dois países e
manteria apenas as barreiras fitossanitárias, cujas regras comuns estão sendo definidas.
No caso dos frangos, no entanto, foi a Argentina que iniciou a
disputa. Em junho de 2000, os argentinos fixaram preços mínimos
para a entrada do frango brasileiro. Os produtores argentinos acusam o Brasil de praticar dumping,
ou seja, vender o produto na Argentina por preços menores do
que no Brasil.
Foram fixados valores mínimos
de US$ 0,92, por quilo, para as exportações da Sadia e de US$ 0,98
para os frangos de outras empresas brasileiras. Os exportadores
brasileiros afirmam que as vendas
para a Argentina caíram mais de
20%, desde que o parceiro impôs
a medida.
No ano passado, o Brasil perdeu
a disputa no tribunal do Mercosul
por uma questão burocrática, na
interpretação de diplomatas brasileiros. Os juízes do Mercosul
disseram que os argumentos utilizados pelo Brasil referiam-se a regras que ainda não foram aprovadas pelos parlamentos dos países
do bloco.
O embaixador Simas Magalhães, um dos principais negociadores do Mercosul, disse ontem
que mesmo mantendo o caso dos
frangos na OMC, os dois governos "vão continuar buscando
uma solução negociada para o caso".
No mês passado, negociadores
dos dois países reuniram-se em
Buenos Aires para passar a limpo
a pauta de dificuldades comerciais. Ficou acertado um "cláusula
de paz", conforme ficou conhecido entre as duas chancelarias o
acordo informal firmado na ocasião. Conforme o acordo, os dois
países evitariam novas disputas.
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