São Paulo, terça-feira, 05 de março de 2002

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Governo vai taxar todas as exportações

FABRICIO VIEIRA
DE BUENOS AIRES

O governo argentino decidiu taxar todas as exportações do país. Até o momento, apenas a venda de petróleo e derivados ao exterior havia sofrido a imposição de um imposto novo.
O ministro da Economia, Jorge Remes Lenicov, anunciou a decisão do governo de taxar em 10% todas as exportações de produtos primários e em 5% as de produtos manufaturados.
"O setor exportador foi o que mais ganhou com a desvalorização do peso", tentou justificar a decisão Lenicov. O que for arrecadado com o novo imposto -estimado pelo governo em 1,4 bilhão de pesos no ano- será destinado a programas sociais.
As petroleiras começaram a pagar neste mês uma tarifa de 20% sobre suas exportações. O imposto criou uma grande polêmica, que teve como resposta uma greve no setor petroleiro e o aumento, em torno de 5%, nos preços dos combustíveis.
O ministro da Economia também afirmou que o Banco Central vai apresentar nesta semana a formação de um mercado futuro e de opções, com o qual o país não conta atualmente.
Aos investidores com dinheiro preso pelo curralzinho, o governo deu a opção de três títulos públicos para ter acesso a seus recursos. Os títulos, dois em dólares e um peso, terão até 10 anos de prazo de resgate e poderão ser negociados no mercado secundário.
O governo argentino se prepara para intensificar sua atuação no mercado de câmbio para tentar deter a escala do dólar. A mudança na tática seria uma forma de conseguir corroborar as promessas de que o dólar ficará próximo dos 1,70 peso quando o governo assim desejar.
O dólar recuou ontem 2,3% e fechou vendido a 2,15 pesos. O BC interveio com a venda de dólares, segundo operadores de mercado. Os lotes teriam totalizado cerca de US$ 40 milhões.
Desde que a Argentina começou a operar com um câmbio livre, no dia 11 de janeiro, o governo já gastou cerca de US$ 600 milhões em intervenções. O BC passaria a vender lotes maiores, em torno de US$ 300 milhões, para que sua ação no câmbio dê resultados mais efetivos.
Com um novo pacto fiscal fechado com as províncias e a aprovação do Orçamento pela Câmara de Deputados, o governo argentino recebe a missão do FMI (Fundo Monetário Internacional) hoje para iniciar as negociações para um pacote de socorro financeiro ao país.



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