São Paulo, terça-feira, 05 de março de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SUPERMERCADOS

Consumidor vai mais vezes às lojas, adquire produtos mais elaborados e escolhe embalagens menores

Racionamento muda a forma de comprar

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O racionamento de energia não fez o consumidor só apagar a luz da casa. Ele mudou o comportamento na forma de comprar nos supermercados. Passou a ir mais vezes às lojas, a adquirir produtos em embalagens menores e a reforçar a despensa com alimentos prontos e semipreparados.
É o que constatou o Instituto Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento Comercial, montado pela editora Supergiro, para estudos no setor de supermercados. O instituto ouviu 5.391 consumidores de março a setembro de 2001 no caixa das lojas e obteve acesso aos tíquetes. Comparou os resultados com estudo feito em 2000, quando consultou 5.285 pessoas.
A ida dos consumidores aos supermercados, que era de 2,8 vezes por semana em 2000, subiu para 3,4 vezes no ano passado. E o gasto médio por compra, de R$ 55,15, caiu para R$ 44,80.
Apesar de ir mais vezes às compras, ele gastou quase o mesmo dinheiro por semana. A despesa diminuiu apenas 1,35% em 2001 em relação a 2000.
Uma das surpresas do levantamento do instituto é que, apesar de o gasto nos supermercados ter praticamente se mantido, cresceu o número de itens que o consumidor leva para casa. Em 2000, ele comprava 22,6 itens por compra. No ano passado, esse número subiu para 30,7 unidades.
"Isso porque o cliente de supermercado optou por embalagens menores, pois precisou diminuir o estoque de alimentos com o racionamento", diz Antonio Carlos Yazbek, diretor do instituto.
Omar Assaf, presidente da Apas, associação que reúne os supermercados paulistas, diz que a tendência é o cliente levar cada vez mais itens para casa por causa da diversificação de produtos.
Pela pesquisa, o consumidor também substituiu os produtos que demandam mais preparo, como arroz, feijão e macarrão, pelos prontos e semiprontos, como pratos congelados.
Os produtos que mais perderam participação no total das compras foram os das linhas ingredientes (arroz, feijão, açúcar e farinha), com 3,94%; seca (massas e enlatados), 0,94%; higiene e beleza, 0,93%; condimentos, 0,62% e óleos, 0,59%. Os que ganharam foram: bebidas (0,63%), lácteos (0,49%), frutas, legumes e verduras (0,20%), salgadinhos (0,19%) e resfriados (0,17%).

Marcas próprias
As marcas próprias dos supermercados, segundo o instituto, ainda têm pouca participação nas compras dos consumidores. Em 2001, elas corresponderam a 2,74% do total de itens adquiridos (151,3 mil). Em 2000, representaram 1,02% sobre 139,3 mil produtos comprados pelos consultados.
"O problema das marcas próprias é que a única argumentação das empresas para incentivar a venda é o preço, quando elas deveriam atender determinado grupo de consumidores", diz Yazbek.
O que o instituto também constatou é que as marcas próprias acabam fazendo mais sucesso entre os clientes de maior poder aquisitivo. Do total de marcas próprias vendidas para os consumidores ouvidos, 6,96% foram adquiridos por pessoas com renda mensal de até R$ 816 e 24,27% por pessoas com renda superior a R$ 4.525 por mês. A participação das marcas próprias variou de 12,56% a 21,28% na faixa de renda intermediária.
"Isso mostra que toda a estratégia montada para as marcas próprias, que é atender ao público de menor poder aquisitivo, não está tendo efeito", afirma Yazbek. Segundo ele, o consumidor de menor poder aquisitivo tem medo de arriscar na compra de um produto desconhecido.
Luiz Fernando Biasetto, diretor da consultoria Gouvêa de Souza, diz que a tendência no mundo é aumentar a participação das marcas próprias no faturamento dos supermercados e o país está começando a explorar esse filão.



Texto Anterior: Aviação: Advogados abandonam a Transbrasil
Próximo Texto: Sistema financeiro: Fraude no Santander não é caso isolado, diz delegado
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.