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SUPERMERCADOS
Consumidor vai mais vezes às lojas, adquire produtos mais elaborados e escolhe embalagens menores
Racionamento muda a forma de comprar
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
O racionamento de energia não
fez o consumidor só apagar a luz
da casa. Ele mudou o comportamento na forma de comprar nos
supermercados. Passou a ir mais
vezes às lojas, a adquirir produtos
em embalagens menores e a reforçar a despensa com alimentos
prontos e semipreparados.
É o que constatou o Instituto
Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento Comercial, montado pela editora Supergiro, para estudos
no setor de supermercados. O instituto ouviu 5.391 consumidores
de março a setembro de 2001 no
caixa das lojas e obteve acesso aos
tíquetes. Comparou os resultados
com estudo feito em 2000, quando consultou 5.285 pessoas.
A ida dos consumidores aos supermercados, que era de 2,8 vezes
por semana em 2000, subiu para
3,4 vezes no ano passado. E o gasto médio por compra, de R$ 55,15,
caiu para R$ 44,80.
Apesar de ir mais vezes às compras, ele gastou quase o mesmo
dinheiro por semana. A despesa
diminuiu apenas 1,35% em 2001
em relação a 2000.
Uma das surpresas do levantamento do instituto é que, apesar
de o gasto nos supermercados ter
praticamente se mantido, cresceu
o número de itens que o consumidor leva para casa. Em 2000, ele
comprava 22,6 itens por compra.
No ano passado, esse número subiu para 30,7 unidades.
"Isso porque o cliente de supermercado optou por embalagens
menores, pois precisou diminuir
o estoque de alimentos com o racionamento", diz Antonio Carlos
Yazbek, diretor do instituto.
Omar Assaf, presidente da
Apas, associação que reúne os supermercados paulistas, diz que a
tendência é o cliente levar cada
vez mais itens para casa por causa
da diversificação de produtos.
Pela pesquisa, o consumidor
também substituiu os produtos
que demandam mais preparo, como arroz, feijão e macarrão, pelos
prontos e semiprontos, como
pratos congelados.
Os produtos que mais perderam participação no total das
compras foram os das linhas ingredientes (arroz, feijão, açúcar e
farinha), com 3,94%; seca (massas
e enlatados), 0,94%; higiene e beleza, 0,93%; condimentos, 0,62%
e óleos, 0,59%. Os que ganharam
foram: bebidas (0,63%), lácteos
(0,49%), frutas, legumes e verduras (0,20%), salgadinhos (0,19%)
e resfriados (0,17%).
Marcas próprias
As marcas próprias dos supermercados, segundo o instituto,
ainda têm pouca participação nas
compras dos consumidores. Em
2001, elas corresponderam a
2,74% do total de itens adquiridos
(151,3 mil). Em 2000, representaram 1,02% sobre 139,3 mil produtos comprados pelos consultados.
"O problema das marcas próprias é que a única argumentação
das empresas para incentivar a
venda é o preço, quando elas deveriam atender determinado grupo de consumidores", diz Yazbek.
O que o instituto também constatou é que as marcas próprias
acabam fazendo mais sucesso entre os clientes de maior poder
aquisitivo. Do total de marcas
próprias vendidas para os consumidores ouvidos, 6,96% foram
adquiridos por pessoas com renda mensal de até R$ 816 e 24,27%
por pessoas com renda superior a
R$ 4.525 por mês. A participação
das marcas próprias variou de
12,56% a 21,28% na faixa de renda
intermediária.
"Isso mostra que toda a estratégia montada para as marcas próprias, que é atender ao público de
menor poder aquisitivo, não está
tendo efeito", afirma Yazbek. Segundo ele, o consumidor de menor poder aquisitivo tem medo de
arriscar na compra de um produto desconhecido.
Luiz Fernando Biasetto, diretor
da consultoria Gouvêa de Souza,
diz que a tendência no mundo é
aumentar a participação das marcas próprias no faturamento dos
supermercados e o país está começando a explorar esse filão.
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