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ESPANTALHO GENÉTICO
Após dez anos de queda, produção reage e safra de 2002 deve crescer 20% em relação a de 2001
Cacau clonado combate vassoura-de-bruxa
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
A clonagem de mudas de cacau
no sul da Bahia está ajudando a lavoura cacaueira a recuperar as
perdas causadas pela vassoura-de-bruxa.
Depois de dez anos em declínio,
a produção brasileira de cacau começa a mostrar sinais de retomada do crescimento, segundo Hilton Kruschewski Duarte, 52, diretor da Ceplac (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira). A safra esperada para 2002 é
de 175 mil t, um aumento de 22%
em relação a 2001.
Desde 1998, o Ceplac e o Cepec
(Centro de Pesquisas do Cacau),
localizado em Itabuna, sul da Bahia, vêm utilizando a clonagem
no combate à vassoura-de-bruxa,
doença causada pelo fungo "Crinipellis perniciosa",que atingiu
todos os 600 mil hectares de cultivo de cacau da região sul do Estado da Bahia.
Com a disseminação da praga, o
Brasil, que, até 1989, era o 2º do
ranking mundial de produtores
de cacau, passou para a 5ª colocação, segundo dados do Ministério
da Agricultura.
Uma vez infectado pelo fungo, o
cacaueiro não morre, porém produz amêndoas inaproveitáveis
para a comercialização.
A clonagem do cacau ganhou
espaço por ser mais eficaz e não
afetar o ecossistema, como os métodos tradicionais de controle da
praga, fungicidas ou queima das
plantas contaminadas.
Técnica
A técnica de clonagem consiste
em permitir a reprodução assexuada de uma planta.
Segundo Wilson Monteiro, 50,
geneticista coordenador do Cepec, o primeiro passo do processo
é aprimorar geneticamente as sementes de cacau para produzir espécies resistentes ao fungo causador da vassoura-de-bruxa.
Depois da germinação, os pedaços extraídos das novas plantas
clonadas, conhecidos como "garfos", estão prontos para serem enxertados nas árvores atingidas pela praga.
Em seis meses, a árvore clonada
já possui copa própria, e a infectada pela vassoura-de-bruxa pode
ser decepada. Para o produtor, essa técnica representa uma renovação mais rápida da lavoura. Em
cerca de dois anos a nova planta
está pronta para produzir.
Outro modo de utilização da
clonagem é o plantio direto de
mudas clonadas produzidas em
laboratório.
De acordo com Jonas de Souza,
pesquisador do Cepec, outra vantagem da técnica é que ela é de fácil assimilação pelos trabalhadores rurais.
Em três dias, os profissionais estão capacitados realizar enxertos.
Estima-se que haja cerca de 110
mil trabalhadores e produtores de
pequeno porte na Bahia, dos
quais cerca de 28 mil foram treinados pela Ceplac.
Custos
Segundo o Ceplac, a clonagem
custa R$ 2.500/hectare. Segundo
Fernando Florence, 54, coordenador do Comitê de Recuperação da
Lavoura Cacaueira, desde 1995, o
governo do Estado da Bahia vem
promovendo a renegociação das
dívidas e financiamento com taxas de juros mais baixas, para facilitar o acesso dos produtores à
utilização da clonagem.
Hoje, cerca de 8% das lavouras
de cacau da Bahia usam a clonagem, mas a meta do Cepec é que
em quatro anos 50% dos produtores sejam beneficiados.
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