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NOVO COMANDO
Ao sair, nš 1 do Fundo recomenda mudança no superávit do Brasil
Köhler deixa FMI para ser
presidente da Alemanha
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O alemão Horst Köhler, 61, renunciou ontem ao cargo de diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional) para assumir a Presidência da Alemanha.
Köhler foi convidado para a função pelos partidos de oposição
alemães que controlam a assembléia especial que vai eleger o novo presidente, em 23 de maio.
Como chefe de Estado alemão,
Köhler terá poderes reduzidos, já
que o país é comandado na prática pelo primeiro-ministro (chanceler), Gerhard Schröder.
Ao aceitar o convite, Köhler
cumpriu a diretriz do Fundo de
renunciar imediatamente. A número dois do FMI, Anne Krueger,
já assumiu a função, interinamente, até a escolha do novo diretor.
Historicamente, o Fundo vem
sendo dirigido por um europeu
desde 1945, quando foi criado, e
sua instituição irmã, o Banco
Mundial, por um norte-americano (James Wolfensohn, hoje).
"Deixo o cargo com um sorriso
nos lábios e um olho em lágrimas.
Saio com um certo orgulho pelo
fato de o Fundo ter, durante minha gestão, consolidado um processo de abertura para ouvir mais
e aprender com seus erros", afirmou, em entrevista coletiva.
Köhler disse ter recomendado,
antes de partir, que o FMI leve
adiante a mudança das regras para o cálculo do superávit primário
do Brasil, considerando a necessidade do país de investir na área de
infra-estrutura.
"Devemos reconhecer que existem novas lideranças em países
emergentes, como Lula no Brasil,
que não precisam ouvir o que é
preciso fazer", disse Köhler, que
acabara de voltar do Brasil para
encontro de dois dias com Luiz
Inácio Lula da Silva.
"Temos de oferecer os mecanismos que essas lideranças e a América Latina precisam para ampliar
investimentos em infra-estrutura
e alcançar um crescimento sustentado. Fiz de tudo para que essa
discussão continue e tenha um resultado até o meio do ano."
Em 2002, durante a gestão de
Köhler, foi concedido ao Brasil o
maior pacote de ajuda da história
do Fundo, de US$ 30 bilhões.
Köhler assumiu o cargo de diretor-gerente do Fundo em 2000
após uma prolongada disputa em
que os EUA rejeitaram o primeiro
nome indicado, o do alemão nascido no Brasil Caio Koch-Weser,
vice-ministro das Finanças da
Alemanha. O pior momento de
seu mandato ocorreu no final de
2002, quando a Argentina decretou a maior moratória da história.
Criticado por não prever ou evitar crises, o FMI de Köhler priorizou a busca de mecanismos para
conter crises internacionais.
Entre os nomes citados para seu
cargo apareceram ontem o do
francês Jean Lemierre, presidente
do Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento, e o do
britânico Andrew Crockett, ex-presidente do BIS (Banco de
Compensações Internacionais).
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