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Analista vê perdas para minoritário
DA REPORTAGEM LOCAL
Os acionistas minoritários podem sofrer perdas com a troca de
ações promovida entre a AmBev e
a Interbrew, que resultou na
transferência do controle acionário da companhia de bebidas brasileiras para a cervejaria belga.
Pela transação anunciada anteontem, os sócios da Braco, a
holding dos empresários Jorge
Paulo Lemann, Alberto Sicupira e
Marcel Telles, que controlava a
AmBev, transferem para a Interbrew suas ações ordinárias, que
representam 52,8% do capital votante da AmBev. Em troca, os brasileiros recebem participação referente a 25% do capital votante
da Interbrew. Na segunda operação, a AmBev emitirá ações ordinárias e preferenciais para a Interbrew para ter o controle de 100%
da canadense Labatt, mais 70% da
Labatt USA e 30% da Femsa.
"O argumento pró-emissão é
que aquela pessoa que antes participava de uma empresa com penetração na América Latina agora
terá ações de uma empresa muito
maior, com a aquisição da Labatt
pela AmBev", diz Gregório Mancebo, da corretora Socopa e vice-presidente da Animec (Associação Nacional dos Investidores do
Mercado de Capitais). Mas o executivo apresenta pelo menos uma
questão: "Será que o preço pago
por essa aquisição é conveniente
com a geração futura de caixa da
Labatt, de forma que não prejudique os investidores?".
A direção da AmBev, em contato com a Folha anteontem, sustentou que a operação de troca
não será prejudicial aos acionistas
minoritários. "Tanto que o corpo
de executivos da AmBev tem
ações preferenciais. A operação
vai beneficiar a todos, inclusive os
minoritários", disse Carlos Brito,
principal executivo da AmBev.
Na avaliação do analista Fábio
Zagatti, do HSBC, o prêmio pago
pela AmBev (na emissão de
ações) para a aquisição da Labatt
e da Femsa foi "excessivamente
alto". Pelas contas de Zagatti, a
emissão de papéis (9,5 bilhões de
ações ON e 13,5 bilhões de ações
PN) alcança o equivalente a R$ 20
bilhões. Isso significa que a AmBev estaria pagando por Labatt e
Femsa o equivalente a R$ 800 por
mil hectolitros (cada hectolitro
equivale a cem litros), enquanto o
da AmBev equivale a R$ 320 por
mil hectolitros (de todos os produtos, não apenas a cerveja). ""É
caro, mesmo se considerarmos as
diferenças entre os mercados."
O analista Basílio Ramalho, do
Unibanco, afirma que para os
acionistas minoritários a perspectiva de longo prazo tende a ""ser
positiva". A operação que resultou na incorporação da Labatt resultará, em princípio, em perda
de 10% de Ebitda (a geração de
caixa operacional). ""Essa perda
poderá ser minimizada para 4%
com ganhos de sinergia e mesmo
eliminada", diz.
(JOSÉ ALAN DIAS)
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