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Ibama alivia exigências para Angra 3
Órgão deixa de requerer início de construção de depósito final para lixo nuclear até 2014
Agora, instituto quer projeto
de depósito de "longo prazo",
o que abre a possibilidade
de reciclar combustível;
obra está parada há 23 anos
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ibama (Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) recuou na exigência de um depósito final para o lixo das usinas
nucleares ao autorizar ontem a
retomada da construção da usina de Angra 3 -interrompida
nos anos 80. Em vez do início
da construção de um depósito
final até 2014, um depósito de
"longo prazo" para os rejeitos
deverá ter um projeto detalhado até a conclusão das obras da
usina, segundo condição apresentada na licença.
Depois de um período de resfriamento de décadas em piscinas instaladas dentro da usina,
o combustível usado pelas usinas de Angra será destinado a
um depósito a ser construído
em local ainda não definido por
um período de 500 a 1.000
anos, prevê o Ibama, com base
em estudos preliminares encaminhados pela Eletronuclear,
estatal responsável pela obra.
A usina nuclear de Angra 3 é
uma das obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) a serem construídas integralmente com dinheiro público: R$ 7,3 bilhões, segundo o
balanço do programa. O cronograma oficial prevê a inauguração em outubro de 2014.
Ontem, o Ministério de Minas e Energia informou que os
planos estão mantidos. A Eletronuclear esclareceu que o início das obras depende ainda de
uma licença da Prefeitura de
Angra dos Reis (RJ) e outra da
Comissão Nacional de Energia
Nuclear, além do aval do Tribunal de Contas da União à revisão do contrato com a Andrade
Gutierrez. A empreiteira tocava a obra quando a construção
foi suspensa, 23 anos atrás.
Radiação
Ao conceder a licença prévia
à retomada das obras, em julho,
o Ibama impôs mais de 60 condições, entre elas o início da
construção de um depósito final para os rejeitos radioativos.
Depois de usado na usina, o
combustível nuclear à base de
urânio continua emitindo radiação por milhares de anos.
"Não há prejuízo ambiental
nenhum, dá para esperar", disse ontem o presidente do Ibama, Roberto Messias Franco.
"O depósito pode estar no projeto em 2014", completou.
Entre as 44 condições apresentadas ontem, a licença para
o início das obras de Angra 3
não fala mais em depósito final,
mas depósito de "longo prazo",
abrindo a possibilidade de reciclagem do combustível nuclear,
no futuro.
"Não podemos jogar fora
uma coisa que poderá ser reutilizada", argumentou Messias
Franco sobre o recuo.
Por ora, não há definição do
local que abrigará esse depósito, que servirá para as três usinas de Angra dos Reis e, provavelmente, para as próximas
quatro usinas nucleares planejadas no Brasil. Mas o esboço
apresentado pela Eletronuclear prevê depósitos secos e
blindados em formato de galpão, do tamanho aproximado
de um campo de futebol.
A cada dois anos, as usinas de
Angra 1 e 2 trocam a terça parte
do combustível dos reatores.
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