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Jornada das domésticas chega a 59 horas semanais
Excluídas da CLT, elas cumprem horário extenso e são as que ganham menos, diz Dieese
Apesar desse quadro, estudo indica que as condições de trabalho melhoraram com avanço da formalização de domésticas
VERENA FORNETTI
DA REDAÇÃO
A jornada de trabalho das
empregadas domésticas com
carteira assinada atingiu até 54
horas semanais em 2009, segundo pesquisa do Dieese (Departamento Intersindical de
Estatística e Estudos Socioeconômicos). Para as trabalhadoras informais, a jornada semanal média chega a 59 horas.
Apesar da jornada excessiva,
o estudo indica que as condições de trabalho melhoraram.
Em cinco das sete regiões monitoradas, a maioria das que
atuam como mensalistas é registrada.
Segundo o Dieese, as jornadas mais extensas são cumpridas pelas domésticas do Nordeste. Em Recife, as mensalistas com carteira assinada trabalham em média 54 horas por
semana. Na região, as que não
são negras e não têm registro
formal trabalham em média 59
horas por semana. Negras não
formalizadas trabalham 57.
As menores cargas horárias
foram registradas em São Paulo
e em Porto Alegre, onde as empregadas domésticas cumprem
em média 41 horas semanais.
Patrícia Costa, economista
do Dieese, afirma que trabalhadoras que dormem no local de
trabalho costumam ter jornada
mais extensa, mas que mesmo
as demais cumprem longas jornadas. "Existe informalidade
na relação com a família. Como
a atividade se exerce em casa, é
difícil estabelecer o limite."
Costa destaca que cada vez
menos trabalhadoras aceitam
dormir no emprego. Entre as
regiões pesquisadas, o Distrito
Federal teve o maior percentual de domésticas dormindo
no emprego, com 25%.
Pior remuneração no país
Segundo o Dieese, o serviço
doméstico é a atividade que
oferece a pior remuneração no
país. A trabalhadora doméstica
recebe, em média, em todas as
regiões monitoradas, metade
do valor pago às funcionárias
do setor de serviços. O pior resultado foi registrado em Fortaleza, onde se pagou, em média, R$ 1,72 por hora de trabalho em 2009. Na capital do Ceará, a remuneração média para o
setor de serviços é de R$ 5,36.
A economista do Dieese afirma que o mercado de trabalho
se formalizou nos últimos anos,
o que tem ajudado a melhorar
as condições da profissão. Em
cinco das sete regiões metropolitanas, a maioria das trabalhadores que atuavam como mensalistas tinha registro formal. A
formalização da maior parte
das trabalhadoras não ocorre
em Salvador e em Fortaleza.
O Dieese também destaca
que o avanço econômico dos últimos anos tem modificado as
oportunidades para as mulheres. Costa diz que, com a abertura de vagas nos setores ligados a serviços e comércio, há
migração das mulheres do trabalho doméstico para essas atividades, em que é mais comum
ter registro formal.
A mudança no mercado de
trabalho e o avanço da escolaridade na população também fizeram com que o serviço doméstico deixasse de ser a porta
de entrada no mercado para as
mulheres jovens que vivem nas
regiões metropolitanas. De
acordo com a pesquisa, mais de
77% das mulheres que exercem
a atividade têm de 25 a 49 anos.
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