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Parte dos recursos do FMI pode ser usada no controle do dólar
da Sucursal de Brasília
O Banco Central irá usar parte
dos recursos obtidos no acordo
com o FMI (Fundo Monetário Internacional) para intervir no mercado de câmbio. A informação foi
dada ontem à tarde pelo novo presidente do Banco Central, Armínio
Fraga, seis horas depois de tomar
posse no cargo.
"Ao longo dos próximos meses,
como parte do financiamento externo, nós teremos um volume de
recursos que poderá ser usado para atender à demanda do mercado", afirmou. Do empréstimo de
US$ 41,5 bilhões, o FMI só liberou
a primeira parcela no valor de US$
9,3 bilhões em dezembro.
As declarações de Fraga mostram que o governo brasileiro conseguiu convencer os técnicos do
Fundo de que parte da ajuda externa é fundamental para evitar grandes oscilações na cotação do dólar.
As regras de intervenção foram negociadas com o FMI, mas não devem ser divulgadas publicamente.
Sem alteração no acordo com o
FMI, de pouco adiantariam para o
BC os recursos ainda a serem recebidos do empréstimo externo.
Pelo acordo com o FMI, as reservas líquidas (descontando o dinheiro recebido do Fundo) do BC
não podem ficar abaixo de US$ 20
bilhões. Anteontem, as reservas
totais estavam em US$ 35,02 bilhões, sendo US$ 9,3 bilhões do
empréstimo externo.
Por essa regra, portanto, o BC teria apenas US$ 6 bilhões para intervir no mercado -quantia considerada pequena para atender a
busca pela moeda norte-americana. Agora, o BC terá mais munição
para intervir no mercado, o que
não significa mudança na política
cambial adotada em 15 de janeiro.
Fraga disse que, nos regimes de
câmbio flutuante, as intervenções
no mercado de câmbio são ocasionais. Sem revelar detalhes da política cambial, ele disse que o BC tem
"liberdade para intervir" quando
considerar a cotação anormal.
Mas, pelo que vem sendo feito, o
BC está atuando apenas para evitar
grandes oscilações.
"Nós certamente não ficaremos
de braços cruzados", afirmou Fraga, quando foi questionado sobre
o comportamento do BC a partir
de agora. A cotação do dólar será
definida pelo mercado, disse, afirmando que o governo não trabalha
com uma cotação considerada
ideal.
Ele afirmou, porém, que, se a cotação do dólar oscilar muito no
curto prazo, o governo poderá reforçar as políticas monetária e fiscal. Ele descartou medidas que
quebrem contratos e a centralização cambial. Disse ainda que o BC
não vai deixar de fiscalizar as instituições financeiras.
Fraga avaliou que, antes de sua
chegada, o mercado de câmbio
passou por momentos de turbulência. Por isso, a fiscalização de
operações cambiais iniciada pela
diretoria que deixou o BC foi "uma
resposta à sociedade", indicando
que as movimentações no mercado não eram razoáveis.
Conforme o BC, as reservas internacionais caíram US$ 9,53 bilhões de dezembro de 1998, quando estavam em US$ 44,55 bilhões,
até anteontem, quando o saldo estava em US$ 35,02 bilhões. Se a
comparação for com o saldo de 29
de janeiro (US$ 36,11 bilhões), a
queda foi de US$ 1,09 bilhão.
Fraga disse que os investimentos
estrangeiros diretos neste ano deverão ficar em pelo menos US$ 18
bilhões, o que representará uma
queda de 31% em relação aos US$
26,10 bilhões que ingressaram no
ano passado. Mesmo assim, os recursos serão suficientes para cobrir o rombo das contas externas.
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