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Para economistas,
nem fim da guerra
empurra os EUA
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
Os economistas-chefe de três
importantes bancos americanos
mostraram-se pessimistas sobre o
futuro da economia do país em
seminário do Council on Foreign
Relations, ontem, em Nova York.
Para eles, a debilidade americana é anterior à guerra e não há
motivo para esperar que a economia decole mesmo em caso de vitória sem maiores traumas no Iraque, como esperava o mercado.
"O mercado é como uma criança de quatro anos. Agora ele está
pensando apenas na guerra", disse Ethan Harris, economista-chefe da Lehman Brothers.
"O mercado não está precificando nada além da guerra", completou Stephen Roach, economista-chefe do banco Morgan Stanley.
Harris acha que a debilidade
dos EUA decorre dos choques
consecutivos sofridos pela economia americana -o 11 de setembro, os escândalos contábeis e a
guerra. "Foram seguidos, não nos
deixam respirar", disse.
William Dudley, do da Goldman Sachs, discorda. "Sempre há
choques, olhe o que aconteceu no
final dos anos 90."
Raciocínio semelhante ao de
Dudley foi colocado por Roach,
do Morgan Stanley, da seguinte
forma: "Você não tem o colchão
que havia nos anos 90. Numa economia que não cresce, os choques
importam muito mais".
Um parâmetro importante para
os EUA neste momento, segundo
eles, é a derrocada japonesa, na virada dos anos 80 para os 90. "A última coisa que o Fed quer agora é
uma referência bem grande ao Japão na primeira página do "Wall
Street Journal'", disse Harris.
Mas ela está no radar, tanto que
todos deram seu palpite sobre as
chances de os EUA enfrentarem
deflação nos próximos anos.
Harris colocou a probabilidade
entre 10% e 15%. Roach, do Morgan Stanley, acha que a chance é o
dobro. Para Dudley, do Goldman
Sachs, "o Fed tem uma visão muito otimista da economia, às vezes
fica tarde para agir; a deflação ainda demoraria para acontecer,
mas, se vier, muda tudo".
O pior, alerta Roach, é que um
tranco nos EUA vai sugar a economia global. "O mundo está perigosamente dependendo dos
EUA. A Europa e o Japão também
estão enfrentando desaceleração.
A esperança que havia era a Ásia,
mas setores importantes da economia de lá sofreram impacto da
Sars", afirmou Roach. "O crescimento do mundo vai ser negativo
neste trimestre."
Para ele, um dos problemas
atuais é fazer europeus e japoneses adotarem políticas de fortalecimento de suas moedas. "Todo
mundo quer ter moeda fraca. Isso
não é possível, é um jogo de soma
zero", disse.
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