São Paulo, segunda-feira, 05 de abril de 2004

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FOLHAINVEST

MERCADO FINANCEIRO

Mudança não renderá ganhos expressivos, mas possibilitará compensar perdas ao longo de um semestre

Conta-investimento traz vantagens fiscais

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

A tributação semestral de Imposto de Renda aumentará pouco o ganho de quem aplica em fundos de renda fixa. Mas a nova conta-investimento, que permitirá isenção de CPMF nas mudanças de aplicações financeiras, trará vantagem fiscal ao possibilitar a compensação de perdas ocorridas ao longo do semestre.
A partir de 1º de agosto próximo, o investidor poderá mudar de aplicação sem pagar CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). A transferência poderá ser para aplicações e bancos diferentes, desde que entre contas de um mesmo investidor.
Até agosto de 2006, na primeira passagem de recursos que já estiverem no banco até 31 de julho de 2004 para aquela conta, o cliente pagará 0,38% de CPMF.
A cobrança de Imposto de Renda nos fundos passa de mensal (ou trimestral, em alguns casos) a semestral.
O ganho com a mudança na tributação na ponta do lápis é menor do que pode parecer.
Em um fundo de renda fixa que, por exemplo, renda 1% ao mês por um semestre, a rentabilidade líquida com o novo modelo de tributação será apenas 0,024% superior à de um fundo no antigo sistema, segundo cálculos de Wil- liam Eid Júnior, do Centro de Estudos em Finanças, da FGV.
"A diferença é pequena, mas o cliente passa a ter rendimento sobre o dinheiro que iria para o fisco mensalmente", afirma.
"A vantagem não é grande", concorda Marcelo Giufrida, do BNP Paribas e vice-presidente da Anbid (Associação Nacional de Bancos de Investimento). "Mas sempre é bom. E há o benefício de não pagar IR num mês."
Atualmente, com a cobrança todo mês, o investidor, por exemplo, de um fundo cambial, que ganhe, perca, se recupere e volte a cair na mesma proporção, terá pago IR nos meses em que o fundo subiu. "O câmbio pode permanecer no mesmo patamar, e o investidor ficar negativo", diz Giufrida. Ao pagar IR em seis meses, o cliente poderá compensar perdas ocorridas no período.
Além disso, para analistas, há a chance de que o novo modelo permita jogar o ganho em uma aplicação de um banco sobre a perda em outro. "Se um cliente ganhou dois em um banco e perdeu dois em outro, sobra zero para ser tributado", diz Eid Júnior.

Adesão
Em agosto, o investidor deverá optar por transferir ou não o dinheiro que estiver aplicado para a conta-investimento. Consultores em finanças recomendam a adesão ao novo sistema, mesmo pagando CPMF na primeira mudança, em vez de esperar até 2006, quando a movimentação se tornará completamente isenta. "Se já valia a pena pagar CPMF para mudar para um fundo com taxa de administração menor, agora, que dá para fazer outras mudanças, vale ainda mais", diz Márcia Dessen, consultora de investimentos. "Em poucos meses, o cliente recupera o ônus da CPMF pagando menos ao banco."
Quem pretende sacar o dinheiro antes de seis meses, estiver satisfeito com sua aplicação ou investir em caderneta de poupança não deve aderir à conta-investimento, segundo consultores.
Um fundo de renda fixa deve cobrar no máximo 2% de taxa de administração, diz Dessen. "Esses 2% podiam ser menos relevantes quando a taxa básica de juros era de 26%. Agora, que é 16,25%, o cliente fica com 89% da taxa básica, e o resto vai para o banco. Tem de pesquisar. Sempre há taxa menor em um mesmo banco para o mesmo valor aplicado", afirma.


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