|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Influência dos EUA sobre economia global é menor, afirma FMI
Segundo relatório do Fundo, efeitos de desaceleração são maiores para os países que mantêm relacionamento próximo com americanos, como Brasil e México
DENYSE GODOY
DE NOVA YORK
Para o FMI (Fundo Monetário Internacional), continua
sendo verdadeira a máxima de
que, quando os EUA espirram,
o resto do mundo pega um resfriado. Entretanto, embora a
sua economia influencie bastante as demais, as conseqüências de um desaquecimento da
maior potência do planeta para
os outros países não devem ser
exageradas. Essa é uma das
conclusões da última edição do
Panorama Econômico Mundial, relatório elaborado pelo
Fundo do qual foram divulgados ontem alguns capítulos.
O ritmo de desaceleração dos
EUA está no centro das preocupações de analistas, investidores, das nações mais ricas e das
que estão no caminho do desenvolvimento, como o Brasil.
Os indicadores ainda não mostram claramente qual é o passo.
O FMI diz que, ao longo do
tempo, aumentou o tamanho
potencial do estrago que turbulências nos EUA podem causar,
já que também cresceu a sua integração comercial e financeira
com outros países. Os efeitos
são mais importantes para os
países que mantêm relacionamento próximo com os EUA,
como os da América Latina
-em especial, Brasil e México.
Mas, se, por exemplo, a taxa
anual de crescimento do PIB
americano fosse reduzida em 1
ponto percentual, isso significaria apenas menos 0,2 ponto
percentual nos índices latino-americanos. O FMI estima que,
para o Brasil, o impacto seria de
aproximadamente 0,75 ponto
percentual no primeiro trimestre após o choque; entre o quarto e o quinto trimestre, ele já teria sido assimilado. África e
emergentes da Ásia não sofreriam tanto: em torno de 0,1
ponto percentual.
"Isso posto, episódios anteriores de reduções de crescimento altamente sincronizadas em todo o mundo foram essencialmente resultado de
acontecimentos globais, não de
contaminação a partir de acontecimentos específicos dos
EUA", destaca o estudo, citando a crise da década de 70, causada pelo salto dos preços do
petróleo, e a que teve lugar no
início dos anos 2000, devido ao
estouro da bolha de tecnologia.
O cenário desenhado pelo
Fundo não é catastrófico, como
alguns especialistas chegaram
a imaginar. Também contribui
para essa relativa tranqüilidade
o fato de que, até o momento,
somente o setor imobiliário
americano dá sinais de esfriamento. "Todavia, se a desaceleração desse mercado chegar ao
consumo e aos investimentos
em negócios, então maiores
conseqüências podem ser esperadas", alerta o FMI.
O relatório também fala sobre como o ajuste cambial pode
ajudar a diminuir o déficit em
conta corrente dos EUA, que
subiu 8,2% em 2006, atingindo
US$ 856,7 bilhões. A balança
comercial americana pode ser
mais sensível à variação do dólar do que se supunha. Uma depreciação da moeda inferior a
10% poderia fazer o déficit comercial cair cerca de 1% do PIB.
Texto Anterior: Automóveis: Renault cria 2º turno para atender demanda por carros Próximo Texto: Globalização afeta trabalho, diz Fundo Índice
|