São Paulo, quinta-feira, 05 de abril de 2007

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Influência dos EUA sobre economia global é menor, afirma FMI

Segundo relatório do Fundo, efeitos de desaceleração são maiores para os países que mantêm relacionamento próximo com americanos, como Brasil e México

DENYSE GODOY
DE NOVA YORK

Para o FMI (Fundo Monetário Internacional), continua sendo verdadeira a máxima de que, quando os EUA espirram, o resto do mundo pega um resfriado. Entretanto, embora a sua economia influencie bastante as demais, as conseqüências de um desaquecimento da maior potência do planeta para os outros países não devem ser exageradas. Essa é uma das conclusões da última edição do Panorama Econômico Mundial, relatório elaborado pelo Fundo do qual foram divulgados ontem alguns capítulos.
O ritmo de desaceleração dos EUA está no centro das preocupações de analistas, investidores, das nações mais ricas e das que estão no caminho do desenvolvimento, como o Brasil. Os indicadores ainda não mostram claramente qual é o passo.
O FMI diz que, ao longo do tempo, aumentou o tamanho potencial do estrago que turbulências nos EUA podem causar, já que também cresceu a sua integração comercial e financeira com outros países. Os efeitos são mais importantes para os países que mantêm relacionamento próximo com os EUA, como os da América Latina -em especial, Brasil e México.
Mas, se, por exemplo, a taxa anual de crescimento do PIB americano fosse reduzida em 1 ponto percentual, isso significaria apenas menos 0,2 ponto percentual nos índices latino-americanos. O FMI estima que, para o Brasil, o impacto seria de aproximadamente 0,75 ponto percentual no primeiro trimestre após o choque; entre o quarto e o quinto trimestre, ele já teria sido assimilado. África e emergentes da Ásia não sofreriam tanto: em torno de 0,1 ponto percentual.
"Isso posto, episódios anteriores de reduções de crescimento altamente sincronizadas em todo o mundo foram essencialmente resultado de acontecimentos globais, não de contaminação a partir de acontecimentos específicos dos EUA", destaca o estudo, citando a crise da década de 70, causada pelo salto dos preços do petróleo, e a que teve lugar no início dos anos 2000, devido ao estouro da bolha de tecnologia.
O cenário desenhado pelo Fundo não é catastrófico, como alguns especialistas chegaram a imaginar. Também contribui para essa relativa tranqüilidade o fato de que, até o momento, somente o setor imobiliário americano dá sinais de esfriamento. "Todavia, se a desaceleração desse mercado chegar ao consumo e aos investimentos em negócios, então maiores conseqüências podem ser esperadas", alerta o FMI.
O relatório também fala sobre como o ajuste cambial pode ajudar a diminuir o déficit em conta corrente dos EUA, que subiu 8,2% em 2006, atingindo US$ 856,7 bilhões. A balança comercial americana pode ser mais sensível à variação do dólar do que se supunha. Uma depreciação da moeda inferior a 10% poderia fazer o déficit comercial cair cerca de 1% do PIB.


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