São Paulo, sábado, 05 de abril de 2008

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Bovespa tem 5ª alta seguida e a melhor semana em 8 meses

Com avanço de 0,42% ontem, valorização semanal atinge 6,6%, puxada por Vale e Petrobras; no ano, porém, alta está em 0,87%

Alívio veio de grandes instituições financeiras, que, nos EUA, divulgaram prejuízos e captação de recursos para cobrir rombos

DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

A Bovespa teve a sua melhor semana desde agosto de 2007, acumulando ganhos de 6,6%. Apesar do cenário de possível recessão nos EUA, o mercado se reanimou com notícias que indicariam um final para a crise do setor financeiro.
Ontem a Bolsa subiu 0,42%, a quinta alta seguida, fechando a 64.445 pontos. No ano, a elevação total é de 0,87%. O dólar comercial recuou 0,46%, vendido a R$ 1,71, e tem desvalorização de 1,89%. A baixa da moeda em 2008 é de 3,77%.
"Havia uma grande preocupação com os prejuízos sofridos pelos bancos com as hipotecas", explica Luiz Roberto Monteiro, assessor de investimentos da corretora Souza Barros. "Mas aí eles vieram a público esclarecer sobre as suas reais perdas e anunciar a intenção de captar fundos para resolver o problema. E o Fed [Federal Reserve, o banco central americano] começou a prover as instituições de mais recursos também. Isso fez o clima melhorar", afirma.
Na terça-feira, o suíço UBS avisou que estava lançando no seu balanço mais US$ 19 bilhões em prejuízos com os empréstimos imobiliários "subprime" (de alto risco) e que iria ao mercado buscar o dinheiro de que precisa para fechar os rombos. Já o Lehman Brothers conseguiu US$ 4 bilhões com uma bem-sucedida emissão de papéis. As notícias foram tomadas pelo lado bom: os bancos mostraram que estão conseguindo contabilizar os seus prejuízos e encontrar formas de cobri-los.
Mais confiantes, os investidores até ignoraram a série de indicadores econômicos americanos negativos que saíram ao longo dos últimos dias. Ontem, o Departamento do Trabalho dos EUA informou que a taxa de desemprego no país saltou de 4,8% em fevereiro para 5,1% em março -o maior nível desde setembro de 2005. Foram eliminados 80 mil postos de trabalho no período.
Na terça, a consultoria ISM apontou que o índice de atividade da indústria americana avançou para 48,6 pontos no mês passado. Anteontem, divulgou os dados sobre o segmento de serviços, que também registrou uma ligeira melhora, com o indicador subindo para 49,6 pontos em março. No entanto, os números continuam sendo considerados ruins: leituras acima de 50 pontos significam expansão; abaixo, contração.
Na quarta-feira, Ben Bernanke, presidente do Fed, testemunhou a um comitê do Congresso e, pela primeira vez, admitiu que existe uma possibilidade de os EUA entrarem em recessão já neste primeiro semestre.
"Os indicadores horríveis que vieram, a fala de Bernanke, nada disso surpreendeu o mercado. Todo mundo já sabia que a economia americana ia sofrer. Porém, medidas para ajudar na sua recuperação já foram tomadas, como o presidente do Fed frisou", pondera Monteiro. "Essas providências não terão efeito imediato; no entanto, fazem melhorar o humor dos investidores."

Independente?
Ontem, o índice Dow Jones, o principal do mercado acionário nova-iorquino, recuou 0,13% e a Nasdaq (onde se negociam ações de empresas de tecnologia) teve alta de 0,32%. O desempenho da Bovespa na semana e no ano está melhor do que o de Wall Street. "Não há um "descolamento". Como a economia dos EUA está desaquecida neste primeiro trimestre, é normal que as Bolsas por lá sintam isso", pondera o analista da Souza Barros.
Segundo especialistas, mesmo em um panorama de desaceleração da maior potência mundial, a economia brasileira não seria muito afetada. Por esse motivo, os investidores estão voltando a comprar ações das empresas nacionais.
"As altas da Bolsa paulista que temos visto são puxadas principalmente pelas ações da Vale e da Petrobras", comenta Marcos Maluf, gerente comercial da corretora Umuarama. As ordinárias (ON) da mineradora subiram 4,53% na semana, terminando a sexta-feira cotadas a R$ 62,51. As preferenciais (PN) avançaram 3,08% no período, a R$ 51,75%. As ON da Petrobras dispararam 7,65%, a R$ 94,88, e as preferenciais tiveram elevação de 8,8%, a R$ 79.


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