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Bovespa tem 5ª alta seguida e a melhor semana em 8 meses
Com avanço de 0,42% ontem, valorização semanal atinge 6,6%, puxada por Vale e Petrobras; no ano, porém, alta está em 0,87%
Alívio veio de grandes instituições financeiras, que, nos EUA, divulgaram prejuízos e captação de recursos para cobrir rombos
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
A Bovespa teve a sua melhor
semana desde agosto de 2007,
acumulando ganhos de 6,6%.
Apesar do cenário de possível
recessão nos EUA, o mercado
se reanimou com notícias que
indicariam um final para a crise
do setor financeiro.
Ontem a Bolsa subiu 0,42%, a
quinta alta seguida, fechando a
64.445 pontos. No ano, a elevação total é de 0,87%. O dólar comercial recuou 0,46%, vendido
a R$ 1,71, e tem desvalorização
de 1,89%. A baixa da moeda em
2008 é de 3,77%.
"Havia uma grande preocupação com os prejuízos sofridos pelos bancos com as hipotecas", explica Luiz Roberto Monteiro, assessor de investimentos da corretora Souza
Barros. "Mas aí eles vieram a
público esclarecer sobre as suas
reais perdas e anunciar a intenção de captar fundos para resolver o problema. E o Fed [Federal Reserve, o banco central
americano] começou a prover
as instituições de mais recursos
também. Isso fez o clima melhorar", afirma.
Na terça-feira, o suíço UBS
avisou que estava lançando no
seu balanço mais US$ 19 bilhões em prejuízos com os empréstimos imobiliários "subprime" (de alto risco) e que iria
ao mercado buscar o dinheiro
de que precisa para fechar os
rombos. Já o Lehman Brothers
conseguiu US$ 4 bilhões com
uma bem-sucedida emissão de
papéis. As notícias foram tomadas pelo lado bom: os bancos
mostraram que estão conseguindo contabilizar os seus
prejuízos e encontrar formas
de cobri-los.
Mais confiantes, os investidores até ignoraram a série de
indicadores econômicos americanos negativos que saíram
ao longo dos últimos dias. Ontem, o Departamento do Trabalho dos EUA informou que a
taxa de desemprego no país saltou de 4,8% em fevereiro para
5,1% em março -o maior nível
desde setembro de 2005. Foram eliminados 80 mil postos
de trabalho no período.
Na terça, a consultoria ISM
apontou que o índice de atividade da indústria americana
avançou para 48,6 pontos no
mês passado. Anteontem, divulgou os dados sobre o segmento de serviços, que também registrou uma ligeira melhora, com o indicador subindo
para 49,6 pontos em março. No
entanto, os números continuam sendo considerados
ruins: leituras acima de 50 pontos significam expansão; abaixo, contração.
Na quarta-feira, Ben Bernanke, presidente do Fed, testemunhou a um comitê do Congresso e, pela primeira vez, admitiu
que existe uma possibilidade de
os EUA entrarem em recessão
já neste primeiro semestre.
"Os indicadores horríveis
que vieram, a fala de Bernanke,
nada disso surpreendeu o mercado. Todo mundo já sabia que
a economia americana ia sofrer. Porém, medidas para ajudar na sua recuperação já foram tomadas, como o presidente do Fed frisou", pondera
Monteiro. "Essas providências
não terão efeito imediato; no
entanto, fazem melhorar o humor dos investidores."
Independente?
Ontem, o índice Dow Jones,
o principal do mercado acionário nova-iorquino, recuou
0,13% e a Nasdaq (onde se negociam ações de empresas de
tecnologia) teve alta de 0,32%.
O desempenho da Bovespa na
semana e no ano está melhor
do que o de Wall Street. "Não
há um "descolamento". Como a
economia dos EUA está desaquecida neste primeiro trimestre, é normal que as Bolsas por
lá sintam isso", pondera o analista da Souza Barros.
Segundo especialistas, mesmo em um panorama de desaceleração da maior potência
mundial, a economia brasileira
não seria muito afetada. Por esse motivo, os investidores estão
voltando a comprar ações das
empresas nacionais.
"As altas da Bolsa paulista
que temos visto são puxadas
principalmente pelas ações da
Vale e da Petrobras", comenta
Marcos Maluf, gerente comercial da corretora Umuarama.
As ordinárias (ON) da mineradora subiram 4,53% na semana, terminando a sexta-feira
cotadas a R$ 62,51. As preferenciais (PN) avançaram 3,08% no
período, a R$ 51,75%. As ON da
Petrobras dispararam 7,65%, a
R$ 94,88, e as preferenciais tiveram elevação de 8,8%, a R$
79.
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