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Empresa de MG é acusada de cronometrar ida a banheiro
Call center nega ter imposto restrição a funcionários
PABLO SOLANO
DA AGÊNCIA FOLHA
Os supervisores do call center AeC, de Belo Horizonte,
cronometravam o tempo que
os funcionários passavam no
banheiro e davam a eles no máximo dez minutos diários para
se ausentar da mesa de trabalho para fazer necessidades fisiológicas, segundo o MPT (Ministério Público do Trabalho).
A empresa -que afirma ser a
segunda maior empregadora da
capital mineira, com aproximadamente 5.500 funcionários-
nega essa prática.
A extrapolação do limite de
tempo autorizado, de acordo
com a procuradora do Trabalho
Lutiana Nacur Loretz, poderia
gerar a demissão dos funcionários. Ela ouviu relatos de limites diários de ida ao banheiro
que chegavam a cinco minutos.
A procuradora apresentou na
Justiça do Trabalho uma ação
civil pública contra a suposta
prática. A ação foi encerrada no
final de março com um acordo
judicial da AeC com o MPT. A
empresa terá que desembolsar
R$ 2.000 por funcionário prejudicado caso não cumpra o
que prevê o documento.
Qualquer restrição sobre o
uso de banheiros, de acordo
com a procuradora, vai contra a
dignidade humana e, por isso, é
considerada inconstitucional.
Em nota, a AeC nega que restringia as idas ao banheiro e
afirma que o acordo judicial firmado "apenas reforça o compromisso em atender a Norma
Regulamentadora 17", que estabelece regras sobre ergonomia no trabalho.
Cinco demissões que motivaram processos na Justiça do
Trabalho, de acordo com a procuradora, subsidiaram o início
das investigações.
Em tais processos, afirma ela,
havia relatos de ex-funcionários sobre o problema, que foi
constatado em vistorias na empresa, segundo a procuradora.
Tempo de descanso
A empresa diz que os banheiros são dentro do ambiente de
trabalho, onde os funcionários
podem ir a qualquer momento.
Os funcionários, de acordo
com a empresa, têm dois períodos de folga, cada um com dez
minutos. De acordo com a empresa, eles ocorrem após a primeira hora de trabalho e antes
da última hora da jornada.
A AeC é parte de um grupo
empresarial que também atua
nas área de tecnologia da informação. Todas as atividades geraram receita de R$ 14 milhões
em 2007, segundo a empresa.
Ela também diz estar entre as
dez maiores companhias de telemarketing no Brasil.
O site da empresa cita como
clientes empresas como
BNDES, BHTrans, Banco Bonsucesso, IOB, Fiat, IG, Terra,
TIM, Estado de Minas e Unimed Belo Horizonte, além de
secretarias do governo mineiro
(Fazenda, Defesa Social e Planejamento e Gestão).
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