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Mercado livre de energia está sob risco, diz indústria
Setor enfrenta dificuldade em renovar contratos
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da Abrace (Associação Brasileira de Grandes
Consumidores Industriais de
Energia e de Consumidores Livres), Eduardo Carlos Spalding,
acusou o governo de querer
acabar com o mercado livre de
energia.
Ele disse que a meta do governo é fazer com que as grandes empresas voltem a ser consumidores cativos, o que já começou a ocorrer ante a situação
de escassez de nova energia.
Spalding disse que os grandes consumidores passaram a
enfrentar um novo cenário de
preços, incompatível com a
manutenção das operações. Ele
citou as empresas Novelis (produtora de alumínio) e Coteminas, de propriedade do vice-presidente da República, José
Alencar, como exemplos de
empresas que tiveram até de
suspender a produção por um
período devido à dificuldade de
recontratação da energia.
"O governo não pode virar as
costas para o setor agora. É preciso haver garantias para que os
consumidores livres tenham
acesso a energia", disse Spalding.
Ele refuta a acusação de que o
setor se beneficiou de preços
baixos no passado e que esteja
buscando energia nas mesmas
condições em período de escassez, como o atual. "Hoje, 85%
dos associados da Abrace têm
contratos superiores a cinco
anos, e metade desse contingente tem contratos de dez
anos. É um setor que trabalha,
sim, com contratos de longo
prazo, ao contrário do que muitos têm afirmado", afirmou.
Usineiros
A Unica (União da Indústria
da Cana de Açúcar) ainda desconhece detalhes do modelo
que será aplicado para a venda
dos 7.811 MW de energia de
biomassa colocada à disposição
do governo pelo setor e que podem entrar no chamado leilão
de reserva. O presidente da
EPE (Empresa de Pesquisa
Energética), Maurício Tolmasquim, explicou nesta semana
que os usineiros receberão uma
renda predefinida pelo potencial de geração de energia da
usina. O setor não será um comercializador de energia. Esse
papel será executado pela
CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica).
O governo avalia que a venda
da energia gerada com biomassa no mercado spot seja suficiente para pagar a remuneração do usineiro. O consumidor
convencional, que receberá a
energia pelo sistema em sua casa, pagará um encargo para ter
essa energia.
Onório Kitayama, consultor
da área de energia da Unica,
disse que as usinas ainda desconhecem o modelo proposto pelo governo. Sem falar em preços, disse que o setor buscará
remuneração por megawatt-hora proveniente da cana condizente com o cenário de escassez, ou seja, um valor elevado.
Em alguns encontros, o setor
sucroalcooleiro já apontou que
preços de R$ 140 a R$ 145 por
megawatt-hora dariam retorno
para unidades mais modernas,
com rendimentos maiores, mas
não bancariam o custo de atualização de boa parte das usinas
do Estado de São Paulo, onde
está a maior oferta de biomassa
de cana.
Nem o governo acredita que
os 7.800 MW credenciados estejam em condições de participar dos leilões de reserva, que
acontecem em maio (para entrega em 2009) e junho (para
entrega em 2010).
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