São Paulo, sábado, 05 de abril de 2008

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Brasil investe mais na Colômbia

Prestes a conseguir o grau de investimento, país atrai volume recorde de recursos estrangeiros

Analistas creditam momento econômico favorável do país ao combate ao narcotráfico e à criação de ambiente jurídico estável

Scott Dalton - 29.mar.04/Bloomberg
Consumidores em supermercado em Bogotá; Colômbia ampliou crescimento nos últimos anos

JULIO WIZIACK
ENVIADO ESPECIAL A BOGOTÁ

Mesmo enfrentando as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e os grupos paramilitares ligados ao narcotráfico, a Colômbia deu uma guinada econômica. O país está prestes a conseguir o "investment grade" e bateu um recorde histórico em investimentos estrangeiros diretos (IED).
Há cinco anos, esse volume era de US$ 2,1 bilhões. Em 2007, foi de US$ 8 bilhões, e, em janeiro deste ano, os colombianos atraíram US$ 1,1 bilhão.
O Brasil está entre os que mais apostam no país. Em 2007, respondeu por 6,3% dos IED, índice que, há três anos, não chegava a 0,5%. "Esses investimentos devem crescer, pois há mais empresas negociando sua entrada no país", diz Federico Cuéllar, responsável no Ministério do Comércio pelos investimentos estrangeiros.
Segundo ele, a DataSul, que desenvolve softwares, é uma das interessadas. Nessa lista, também estão o grupo Ruette, que atua na agroindústria e na produção de álcool, e a empresa de tubos e conexões Tigre.
Entre as diversas empresas brasileiras que já atuam na Colômbia, estão a Camargo Corrêa, a Vale, a Votorantim, a Gerdau, o Sinergy e a Petrobras.
A Gerdau anunciou investimentos de US$ 500 milhões até 2009. "Vamos expandir a siderúrgica da cidade de Diaco", diz Marco Ramos, vice-presidente-executivo de operações para a América Latina.
O grupo Sinergy, de German Efromovich, decidiu comprar a companhia de aviação Helicol por US$ 24,6 milhões. O empresário já explorava o petróleo no país e, em 2004, comprou a companhia aérea Avianca.
Em 2008, a Camargo Corrêa injetará mais US$ 120 milhões para as obras da usina hidrelétrica de Anori, a 140 quilômetros de Medellín. "Também estamos tentando levar uma fábrica da Santista [têxtil] para lá", afirma Cesar Gazoni, diretor da Camargo Corrêa para a América Latina. A Santista é uma das controladas do grupo.
A Vale do Rio Doce aportará US$ 6 bilhões na exploração de minérios nos próximos anos. Segundo a Pro-Export, ela também está envolvida na construção de uma hidrelétrica. A Pro-Export é uma câmara que promove o comércio e os investimentos na Colômbia.

Virada econômica
Na análise das agências que calculam os riscos dos países, o bom momento da Colômbia se deve, basicamente, a uma combinação de dois fatores: pulso forte contra a atuação dos narcotraficantes e a criação de um ambiente jurídico estável.
Sem segurança, cria-se um ambiente de instabilidade política que acaba contaminando a economia. Para melhorar o controle de seu próprio território, o presidente Álvaro Uribe determinou a ampliação das Forças Armadas e da polícia.
Hoje, o país conta com 250 mil homens para cuidar da segurança. Antes, o governo não conseguia controlar 30% de seu território.
Com mais policiais e militares nas ruas, o turismo retomou sua força. Em 2002, 567 mil estrangeiros visitaram a Colômbia. Em 2007, esse número saltou para 1,3 milhão, um pouco superior ao registrado no auge da década de 80. A cidade de Cartagena, um dos cartões-postais nacionais, voltou a fazer parte da rota de cruzeiros que visitam o Caribe.
Para atrair investidores e permitir que a economia voltasse a crescer, o governo aprovou uma lei prevendo que os contratos assinados entre o poder público e os investidores estrangeiros terão validade de pelo menos duas décadas. Além disso, são concedidas isenções fiscais de até 30 anos.
Para Luis Plata, ministro de Comércio, Indústria e Turismo, isso é o que ajuda a explicar o ritmo de crescimento do PIB, que saltou de 1,7% para 7,48%, nos últimos cinco anos.


O jornalista JULIO WIZIACK viajou a convite do governo da Colômbia


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