São Paulo, domingo, 05 de abril de 2009

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Diminuir o "spread" não é fácil, dizem especialistas

Medidas como cadastro positivo podem ter pouco impacto para baratear crédito

Na opinião de economistas, uma das saídas é estimular a concorrência entre bancos para promover redução de suas margens de lucro

DA REPORTAGEM LOCAL

Diminuir o "spread" é exequível, mas não é fácil, alertam especialistas. "Existem medidas viáveis que podem ser implantadas ao longo de um período. Não são soluções imediatas", ressalva Armando Castelar Pinheiro, professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e analista da Gávea Investimentos.
Embora o governo federal esteja reduzindo alguns tipos de imposto -como os que incidem sobre produtos industrializados-, o espaço para esse tipo de ação fica cada dia menor por causa da queda na arrecadação trazida pela crise. "Cortando as taxas de operações financeiras, teria que haver algum tipo de compensação, com o aumento de outras", explica Castelar.
Para melhorar a prevenção à inadimplência, a instalação do cadastro positivo, que relaciona os bons pagadores, poderia trazer um avanço. "Quando sair, é preciso cobrar dos bancos uma diminuição dos impostos, porque iniciativas anteriores -lembremos o caso da reforma da lei de falências de empresas, que facilitou a recuperação de financiamentos não pagos- não se traduziram em custos menores", frisa Roberto Pfeiffer, diretor-executivo do Procon.
No que diz respeito às margens de lucro das instituições financeiras, é necessário estimular mais a concorrência nesse mercado, de acordo com os analistas. "Os bancos públicos teriam condições de contribuir com tal processo", sugere Abram Szajman, presidente da Fecomercio SP.
Foi constituído, pela administração Luiz Inácio Lula da Silva, um grupo composto por técnicos do Ministério da Fazenda e do Banco Central que estuda maneiras de reduzir o "spread". Representantes da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) já tiveram reuniões com o secretário extraordinário para reformas econômico-fiscais, Bernard Appy. De acordo com o presidente do BC, Henrique Meirelles, algumas conclusões já foram apresentadas ao CMN (Conselho Monetário Nacional).
(DENYSE GODOY)


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