São Paulo, domingo, 05 de abril de 2009

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G20 marca o fim da hegemonia dos EUA e o início de uma era de maior regulação

DA BLOOMBERG

Os dirigentes mundiais deram os maiores passos rumo a uma nova ordem mundial menos ditada pelos Estados Unidos, dotada de um setor financeiro mais regulamentado e um maior papel para as instituições internacionais e os mercados emergentes.
No final da reunião de Londres, as autoridades do G20 produziram um plano de regulação que, segundo o presidente da França, Nicholas Sarkozy, virou a página do modelo anglo-saxônico de livre mercado, ao instaurar limites mais rígidos aos fundos de hedge (altamente especulativos) e outras empresas de finanças. Os líderes também prometeram triplicar os recursos do FMI (Fundo Monetário Internacional) e dar mais voz à China e outras economias em desenvolvimento.
"É o fim de uma era", disse Robert Hormats, vice-presidente do conselho administrativo do Goldman Sachs International, que ajudou a preparar reuniões de cúpula para os presidentes dos EUA Gerald Ford, Jimmy Carter e Ronald Reagan. "Os EUA estão perdendo domínio, enquanto outros países estão ganhando influência."
O presidente dos EUA, Barack Obama, assinou um comunicado do G20 que, segundo o Nobel de economia Joseph Stiglitz, repudiava a investida anterior dos norte-americanos rumo ao livre capitalismo, frente às amarras impostas pelos governos. "Este é um momento histórico em que o mundo se reúne e diz que "estávamos errados em defender a desregulamentação'", afirmou.
Ao ceder a esse ponto de vista, os dirigentes se permitiram afirmar que "falhas relevantes" de regulação tinham sido as "causas fundamentais" da crise do mercado que tentavam enfrentar. Para corrigir os erros e tentar evitar uma reedição da crise, eles prometeram impor restrições mais severas aos fundos de hedge, às agências de classificação de crédito, às operações de alto risco e à remuneração dos executivos.
"Países que defendiam a desregulamentação a qualquer custo estão reconhecendo que é necessário ter maior presença do Estado para que essa crise nunca mais se repita", disse a presidente da Argentina, Cristina Kirchner.
A reunião de cúpula se realizou em meio a especulações de que a recessão mundial pode estar esmorecendo. No entanto, relatório divulgado anteontem mostrou que o desemprego dos EUA alcançou seu maior patamar em 25 anos.


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