São Paulo, domingo, 05 de abril de 2009

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Companhia volta a tomar crédito com banco estatal

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Petrobras voltou ao guichê dos bancos estatais no fim do ano passado. Em dezembro, pegou um outro empréstimo de R$ 1,583 bilhão com a Caixa Econômica Federal e renovou crédito de R$ 2 bilhões que tinha com o Banco do Brasil.
Em outubro, por causa da crise internacional que secou os financiamentos externos, a estatal já havia tomado R$ 2 bilhões com a Caixa e outros R$ 750 mil com o BB. À época, foi criticada pelo presidente Lula por estar absorvendo recursos que deveriam ser direcionados a empresas menores.
"Consideramos que os empréstimos tomados pela Petrobras no mercado doméstico não chegam a afetar a disponibilidade de recursos para a economia como um todo, uma vez que os valores de nossas transações são insignificantes perante os volumes operados pelos bancos no Brasil", explicou a empresa em resposta a perguntas enviadas pela Folha.
O maior financiador da Petrobras entre as instituições federais é o BNDES, com R$ 10,7 bilhões em 2008. Mas o banco que mais aumentou a parcela de financiamentos à empresa foi a Caixa. Sem aparecer entre os financiadores em 2007, fechou o ano com empréstimos de R$ 3,6 bilhões à Petrobras. No caso do BB, o saldo subiu de R$ 601 milhões em 2007 para R$ 5,1 bilhões no ano passado, quase oito vezes mais.
As operações feitas com os bancos públicos no fim do ano tiveram como objetivo reforçar o caixa e financiar as exportações. O empréstimo renovado com o BB foi quitado antes da data e recontratado nos mesmos R$ 2 bilhões originais.
Somados, os financiamentos feitos pela Petrobras em bancos públicos chegam a R$ 19,4 bilhões -um aumento de 165% em relação ao que havia sido tomado em 2007.
Em seu balanço, a empresa diz que houve um "retorno consistente às captações no mercado doméstico". As operações são justificadas pela "restrição de crédito internacional" e também pelo fim do limite de empréstimos que os bancos nacionais podiam dar à empresa. Uma decisão de outubro do Conselho Monetário Nacional flexibilizou as regras de financiamento da estatal.
A busca por dinheiro dentro do Brasil, no entanto, aumentou a taxa de juros paga pela empresa. Em 2007, a Petrobras pagava juros acima de 12% sobre apenas R$ 219,3 milhões de seus financiamentos de longo prazo. No ano passado, R$ 7,1 bilhões foram tomados com juros acima dessa taxa.
"A crise provocou aumento dos custos financeiros em todos os mercados. Quando se trata de empréstimos em reais, a taxa de juros é bem diferente daquelas de empréstimos denominados em dólar", disse a empresa. A volta da Petrobras ao mercado brasileiro foi mais intensa nos financiamentos de longo prazo. Empréstimos no exterior ainda são em maior volume: R$ 31,1 bilhões dos R$ 50 bilhões de operações com prazo acima de um ano. (LP)


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