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Petrobras perde R$ 600 mi em 2 anos na AL
Só no Equador, onde a estatal teve de devolver um bloco exploratório ao governo, prejuízo foi de quase R$ 400 milhões
Empresa não divulga novos investimentos, que também são usados pelo governo como ferramenta de política externa com os vizinhos
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Nos últimos dois anos, os investimentos feitos pela Petrobras em países da América do
Sul causaram perdas de R$ 600
milhões à empresa. A maior delas foi no Equador, de quase R$
400 milhões em 2007 e 2008.
Na Venezuela, a estatal brasileira teve que reconhecer uma
queda no valor de seus investimentos de R$ 175 milhões. Na
Bolívia, depois de todo o barulho feito pelas medidas de nacionalização adotadas pelo presidente Evo Morales, a Petrobras conseguiu um ganho de R$
66,2 milhões ao vender suas
ações para a estatal boliviana
por US$ 112 milhões.
"Houve um aumento no risco
político na América do Sul nos
últimos anos. A Petrobras já tinha feito investimentos [na região] que foram prejudicados",
diz Luiz Otávio Broad, analista
da Ágora Corretora.
Nem todas as perdas registradas no balanço da estatal
brasileira são irrecuperáveis. É
o caso, por exemplo, da Venezuela. Em 2006, o presidente
Hugo Chávez decidiu que as
empresas privadas teriam, no
máximo 40% nos campos explorados, e a estatal petroleira
PDVSA ficaria com 60%.
A Petrobras foi obrigada, então, a ajustar sua contabilidade
ao novo cenário. Para isso, reconheceu uma "perda sobre investimentos". Foram R$ 119,6
milhões em 2007 e R$ 55,425
milhões no ano passado.
No balanço, a empresa explica que a "recuperação desses
investimentos está relacionada
à volatilidade do preço do petróleo, às condições econômicas sociais e regulatórias na Venezuela e, em particular, aos interesses de seus acionistas em
relação ao desenvolvimento
das reservas de petróleo".
A maior dificuldade da estatal brasileira está no Equador.
No ano passado, a Petrobras
devolveu ao governo do país
um bloco exploratório, o que
implicou prejuízos de R$ 181,6
milhões. Já tinha sido obrigada
em 2007 a fazer uma reserva,
conhecida como provisão, de
R$ 308,8 milhões para enfrentar a nacionalização das reservas de petróleo e o aumento da
tributação aprovados em 2007.
De acordo com as explicações dadas no balanço da estatal, essas mudanças afetaram "a
previsão de rentabilidade dos
atuais negócios no Equador e a
recuperabilidade dos investimentos realizados".
A Petrobras não divulga o volume de investimentos que fará
no exterior por país. Questionada sobre a avaliação que faz
das aplicações nesses países e
se continuará a investir, a empresa informou que "espera
manter os investimentos e as
atividades nos países em que
atua, de acordo com seu posicionamento estratégico e a avaliação de risco de cada região".
O investimento feito pela estatal na América do Sul não raro é alardeado pelo governo como uma ferramenta de política
externa para apoiar vizinhos.
O discurso político tem prevalecido nas ações da diplomacia brasileira. No embate com a
Bolívia, por exemplo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
evitou cobranças públicas ao
presidente Evo Morales e preferiu uma negociação de bastidores. Lula insistiu em que o
Brasil, mais rico, não podia
abrir guerra com a Bolívia e
precisava entender a realidade
do país e a "justeza da atitude
de estatização".
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