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Múltis abocanham 70% do faturamento do setor
DA REPORTAGEM LOCAL
Dos R$ 43,7 bilhões que as dez
maiores redes de supermercados
no Brasil faturam ao ano (dado de
2004), R$ 31,1 bilhões vão parar
nos caixas das empresas varejistas
multinacionais. É mais de 71% do
total. São norte-americanas, portuguesas e francesas, que, de 2000
a 2005, intensificaram as aquisições ou ampliaram o número de
lojas no país.
O aumento da participação do
Casino no Pão de Açúcar corrobora esse cenário. A invasão no
Nordeste do Wal-Mart, a maior
rede de varejo do mundo, com
US$ 260 bilhões de faturamento, e
a expansão do Carrefour também
ajudam a fazer do negócio de venda de alimentos uma disputa de
multinacionais. Só resta uma brasileira no clube das cinco maiores
do setor, a Cia. Zaffari, alvo de insistentes propostas de compra do
Pão de Açúcar anos atrás.
Conforme os dados disponíveis,
as dez maiores companhias do
segmento faturaram R$ 43,7 bilhões em 2004 -valor nominal, já
que o real (descontada a inflação)
não é informado por todas as empresas. Ao considerar a operação
anunciada ontem (com o Casino
detendo 50% do grupo Pão de
Açúcar agora), R$ 31,1 bilhões do
total é receita obtida por empresas estrangeiras por ano.
Os valores relativos ao faturamento anual de cada empresa
constam em relatório da revista
"Supermercado Moderno", que
coleta os números em cada companhia ao final do ano.
Nos bastidores, o comando do
grupo Pão de Açúcar tem dito que
"essa movimentação é positiva
para o país, já que a ampliação
dos negócios com cadeias varejistas no exterior dá fôlego competitivo para as companhias", segundo Abilio Diniz comentou ontem
com interlocutores. A empresa
tem a rede Extra, com o slogan
"Orgulho de ser Brasileiro".
Essa é a explicação dada pela
maioria das empresas. Por exemplo: o Wal-Mart comprou a cadeia Bompreço no ano passado
munido de dados que mostravam
que, sem a venda da rede, que não
era nem sequer brasileira (os holandeses eram os donos), o controlador ficaria sem recursos para
pagar certas dívidas no exterior.
Esse cenário mostra a falta de fôlego para crescimento das empresas do setor. Elas têm sérias dificuldades para expandir com recursos próprios e têm de recorrer
ao mercado doméstico na hora de
fazer empréstimos -e pagam os
juros altos de mercado.
(AM)
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