São Paulo, quinta-feira, 05 de maio de 2005

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Múltis abocanham 70% do faturamento do setor

DA REPORTAGEM LOCAL

Dos R$ 43,7 bilhões que as dez maiores redes de supermercados no Brasil faturam ao ano (dado de 2004), R$ 31,1 bilhões vão parar nos caixas das empresas varejistas multinacionais. É mais de 71% do total. São norte-americanas, portuguesas e francesas, que, de 2000 a 2005, intensificaram as aquisições ou ampliaram o número de lojas no país.
O aumento da participação do Casino no Pão de Açúcar corrobora esse cenário. A invasão no Nordeste do Wal-Mart, a maior rede de varejo do mundo, com US$ 260 bilhões de faturamento, e a expansão do Carrefour também ajudam a fazer do negócio de venda de alimentos uma disputa de multinacionais. Só resta uma brasileira no clube das cinco maiores do setor, a Cia. Zaffari, alvo de insistentes propostas de compra do Pão de Açúcar anos atrás.
Conforme os dados disponíveis, as dez maiores companhias do segmento faturaram R$ 43,7 bilhões em 2004 -valor nominal, já que o real (descontada a inflação) não é informado por todas as empresas. Ao considerar a operação anunciada ontem (com o Casino detendo 50% do grupo Pão de Açúcar agora), R$ 31,1 bilhões do total é receita obtida por empresas estrangeiras por ano.
Os valores relativos ao faturamento anual de cada empresa constam em relatório da revista "Supermercado Moderno", que coleta os números em cada companhia ao final do ano.
Nos bastidores, o comando do grupo Pão de Açúcar tem dito que "essa movimentação é positiva para o país, já que a ampliação dos negócios com cadeias varejistas no exterior dá fôlego competitivo para as companhias", segundo Abilio Diniz comentou ontem com interlocutores. A empresa tem a rede Extra, com o slogan "Orgulho de ser Brasileiro".
Essa é a explicação dada pela maioria das empresas. Por exemplo: o Wal-Mart comprou a cadeia Bompreço no ano passado munido de dados que mostravam que, sem a venda da rede, que não era nem sequer brasileira (os holandeses eram os donos), o controlador ficaria sem recursos para pagar certas dívidas no exterior. Esse cenário mostra a falta de fôlego para crescimento das empresas do setor. Elas têm sérias dificuldades para expandir com recursos próprios e têm de recorrer ao mercado doméstico na hora de fazer empréstimos -e pagam os juros altos de mercado. (AM)


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