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TENSÃO ENTRE VIZINHOS
Última palavra sobre investimentos cabe a Lula, afirma
Morales diz que Petrobras
faz chantagem com Bolívia
DA FOLHA ONLINE
DA SUCURSAL DO RIO
DA ENVIADA ESPECIAL A LA PAZ
O presidente da Bolívia, Evo
Morales, afirmou ontem que a Petrobras faz "chantagem" ao afirmar que não fará novos investimentos no país vizinho devido ao
decreto que nacionalizou as reservas de petróleo e gás.
"Podem chantagear, mas não é
possível que com nossos recursos
tenham uma grande empresa e
deixem a economia de nosso país
mal", afirmou, em comunicado
divulgado pela Agência Boliviana
de Informação, antes da reunião
em Puerto Iguazú com os colegas
Luiz Inácio Lula da Silva, Hugo
Chávez (Venezuela) e Néstor
Kirchner (Argentina). No encontro, evitou falar sobre o assunto.
À noite em La Paz, na volta da
reunião, Morales minimizou as
declarações da direção da Petrobras, fazendo referência ao apoio
manifestado a ele por Lula durante o encontro de Puerto Iguazú.
"Acima das empresas de Estado
está o presidente. A última palavra cabe ao presidente", afirmou.
O presidente boliviano disse
que Lula lhe pediu, inclusive, uma
lista de projetos que poderiam
contar com financiamento do governo brasileiro, entre eles a construção de estradas.
Anteontem, a Petrobras havia
informado que suspendeu novos
investimentos na Bolívia, mesmo
os que já haviam sido divulgados,
como a ampliação do gasoduto
que traz o combustível ao Brasil.
Além disso, o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, também afirmou não aceitar a cobrança de preços diferentes dos
estabelecidos em contrato e que
estaria disposto a acionar o tribunal internacional de arbitragem
em Nova York para tentar impedir reajustes.
Reação
As declarações de Morales ontem foram mal recebidas na Petrobras. Um dirigente que não
quis se identificar disse que a reação não representa chantagem,
mas uma decisão empresarial.
O executivo afirmou que já não
havia uma programação de investimentos nem um projeto detalhado de novos investimentos.
Existia apenas uma possibilidade
de elevar a capacidade atual do
gasoduto Brasil-Bolívia em 15 milhões de metros cúbicos -dos
atuais 30 milhões de metros cúbicos/dia para os 45 milhões de metros cúbicos/dia. Diante da nacionalização da companhia naquele
país, não se cogita tal expansão.
Oficialmente, a Petrobras informou que não iria comentar as declarações de Morales.
A direção da Petrobras ainda
acredita poder solucionar o impasse com o governo boliviano
antes dos 180 dias previstos como
período de transição no decreto
presidencial de nacionalização do
petróleo e do gás anunciado na última segunda-feira.
Dentro do prazo de transição de
180 dias, o decreto presidencial
prevê que a companhia estatal
YPFB absorva até 50% mais uma
ação das empresas de óleo e gás e
repasse para elas 18% dos recursos obtidos com a venda da produção dos campos. A YPFB também definirá os preços praticados, embora o decreto não mencione aumento.
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