São Paulo, terça-feira, 05 de maio de 2009

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Bolsa salta 6,6% e rompe 50 mil pontos

Valorização no ano ultrapassa 34%; entusiasmo dos investidores com economia chinesa faz ações subirem nos principais mercados

Desde o piso atingido com a crise, em outubro, índice Ibovespa já subiu 71,24%; para especialistas, ritmo de alta pode não se sustentar


Maurício Lima/France Presse
Operadores na BM&F; sinais de retomada animam mercados

DA REPORTAGEM LOCAL

Após quase oito meses, a Bovespa conseguiu voltar a romper os 50 mil pontos. Com fortes compras e alta generalizada, a Bolsa encerrou o dia com valorização de 6,59%, em seu segundo melhor pregão do ano.
Com seus papéis de maior peso em rota de alta, a Bolsa não enfrentou dificuldades ontem para se manter longe do vermelho, encerrando no pico do dia, aos 50.404 pontos -maior nível desde setembro passado. A valorização acumulada no ano passou a ser de 34,23%. O dólar terminou com baixa de 2,34%, a R$ 2,13.
As Bolsas também subiram nas principais praças financeiras mundiais. Em Nova York, o índice Dow Jones ganhou 2,61%. No mercado acionário de Frankfurt, a valorização foi de 2,79%. Em Hong Kong, a Bolsa subiu 5,54%.
Sinais de retomada da atividade industrial na China foram o catalisador da euforia que pressionou as commodities no mercado internacional e impulsionou os papéis de companhias de siderurgia e mineração por aqui. Da Ásia, também veio a notícia, no fim de semana, da criação de um fundo de emergência de US$ 120 bilhões. A Bolsa da China subiu 3,33%.
Outros dados econômicos animaram os investidores, como a melhora na atividade manufatureira da zona do euro e o aumento das vendas pendentes de moradias e dos gastos com construção nos EUA.
O fato de a Bovespa estar fechada na sexta-feira, quando o mercado de Nova York registrou ganhos, também favoreceu a recuperação de ontem.
Desde o piso de 29.435 pontos, atingido em 27 de outubro do ano passado, o índice Ibovespa já subiu 71,24%.
A alta acelerada da Bovespa tem levado analistas a falarem em exagero e a preverem uma realização de lucros mais consistente em breve. Todavia, dado o atual cenário de incertezas, não será grande surpresa se a Bolsa brasileira mantiver sua escalada, admitem.
"Não acredito que vamos ter uma trajetória longa de alta. O quadro internacional ainda é muito incerto e inevitavelmente teremos realizações [vendas de ações para embolsar ganhos] pela frente", afirma Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos.
"A Bolsa tem tido esse bom desempenho muito por conta do capital externo especulativo, que tem entrado forte. O problema é se esse capital procurar, à frente, outro mercado que se mostre mais interessante", diz Ricardo Tadeu Martins, da corretora Planner.
Em abril, até o dia 28, os estrangeiros trouxeram para a Bolsa R$ 3,13 bilhões líquidos -melhor resultado em 12 meses. No pregão de ontem, as compras feitas com capital externo se mantiveram consistentes. Tanto que o volume negociado atingiu R$ 7,2 bilhões (74% acima da média diária de 2009). O pregão marcou um novo recorde no número de negócios, ao serem realizadas mais de 429 mil transações.

Ações para cima
Das 65 ações do Ibovespa, apenas 3 não conseguiram aproveitar o dia de ganhos -Eletropaulo PNB, que caiu 1,28%, JBS ON, que perdeu 0,81%, e Telemar PN (-0,05%).
Os papéis do setor imobiliário, que já haviam sido destaque em abril, embalados pelo pacote habitacional do governo, estiveram no topo. Para Cyrela Realt, a alta foi de 14%; Gafisa ganhou 11,34%; e Rossi Residencial, 10,13%. Entre as ações de maior peso na Bolsa, destaque para Petrobras PN (7,07%); Vale PNA (8,75%) e Gerdau PN (8,91%).
(FABRICIO VIEIRA)


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