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São Paulo, quinta-feira, 05 de junho de 2003

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Plano de baixar taxas esbarra na preocupação técnica dos bancos públicos

BB e CEF temem reduzir os juros e produzir prejuízos

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar da intenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de fazer com que os bancos públicos pratiquem juros abaixo da média do mercado, a decisão esbarra na preocupação técnica das instituições financeiras em sofrer prejuízos com essa medida.
Segundo a Folha apurou, o receio do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal -os maiores bancos federais do país- é que se repitam agora os rombos sofridos pelas instituições financeiras públicas ao longo dos anos 80 e 90. Por muito tempo, os bancos federais concederam empréstimos subsidiados ou sofreram com os constantes calotes.
O problema só foi totalmente equacionado em 2001, quando o governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso socorreu as instituições financeiras por meio do Proef (programa de ajuda aos bancos federais).
Por meio desse programa, o governo colocou cerca de R$ 10 bilhões na CEF e no BB. Antes, em 1995, o Tesouro Nacional aumentou sua participação no BB em R$ 8 bilhões.
Desde 2001, o objetivo dos bancos públicos tem sido dar atenção aos programas sociais, mas sem deixar de observar sua rentabilidade nas demais operações.
Assim, para implantar a política do governo de baratear o crédito disponível no país, tanto a Caixa quanto o Banco do Brasil devem dar prioridade a programas como o microcrédito (concessão de empréstimos de pequenos valores, sem comprovação de renda, a juros menores), o crédito rural e o financiamento habitacional -áreas pouco exploradas pelos bancos privados.
Mas resistem à idéia de reduzir, repentinamente, os juros cobrados no crédito pessoal ou no cheque especial, por exemplo.
Em nota divulgada ontem, a Caixa informou que "reconhece a escassez de crédito comercial a baixo custo no país" e que "tem feito sua parte para contribuir com a mudança deste cenário", diz a nota
Ainda de acordo com a nota, os juros médios praticados pela Caixa são seis pontos percentuais menores do que a taxa de mercado nos empréstimos concedidos a empresas. Entre as pessoas físicas, diz a instituição, a diferença é de três pontos percentuais.
A Caixa informou também que o lucro obtido nas suas operações de crédito comercial permite ao banco praticar taxas menores nos empréstimos de caráter social. Do total de financiamentos oferecidos pela Caixa, 64,7% são destinados ao financiamento habitacional.
O Banco do Brasil informou, por meio de sua assessoria imprensa, que não iria se pronunciar sobre o assunto. No primeiro trimestre deste ano, o BB obteve ganhos de R$ 3,9 bilhões com suas operações de crédito, um aumento de R$ 1,1 bilhão em relação ao mesmo período de 2002.
Desse crescimento, R$ 342 milhões se referem exclusivamente aos ganhos proporcionados pelos juros mais altos praticados pelo banco. O restante se explica pela própria expansão da carteira de crédito da instituição.

CUT
A CUT (Central Única dos Trabalhadores) vai fazer uma campanha nacional para pedir redução das taxas de juros cobradas pelos bancos e procurar representantes da Febrabran (Federação Brasileira dos Bancos) e do governo para discutir o assunto.


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