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Plano de baixar taxas esbarra na preocupação técnica dos bancos públicos
BB e CEF temem reduzir os juros e produzir prejuízos
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar da intenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de
fazer com que os bancos públicos
pratiquem juros abaixo da média
do mercado, a decisão esbarra na
preocupação técnica das instituições financeiras em sofrer prejuízos com essa medida.
Segundo a Folha apurou, o receio do Banco do Brasil e da Caixa
Econômica Federal -os maiores
bancos federais do país- é que se
repitam agora os rombos sofridos
pelas instituições financeiras públicas ao longo dos anos 80 e 90.
Por muito tempo, os bancos federais concederam empréstimos
subsidiados ou sofreram com os
constantes calotes.
O problema só foi totalmente
equacionado em 2001, quando o
governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso socorreu as instituições financeiras por
meio do Proef (programa de ajuda aos bancos federais).
Por meio desse programa, o governo colocou cerca de R$ 10 bilhões na CEF e no BB. Antes, em
1995, o Tesouro Nacional aumentou sua participação no BB em R$
8 bilhões.
Desde 2001, o objetivo dos bancos públicos tem sido dar atenção
aos programas sociais, mas sem
deixar de observar sua rentabilidade nas demais operações.
Assim, para implantar a política
do governo de baratear o crédito
disponível no país, tanto a Caixa
quanto o Banco do Brasil devem
dar prioridade a programas como
o microcrédito (concessão de empréstimos de pequenos valores,
sem comprovação de renda, a juros menores), o crédito rural e o
financiamento habitacional
-áreas pouco exploradas pelos
bancos privados.
Mas resistem à idéia de reduzir,
repentinamente, os juros cobrados no crédito pessoal ou no cheque especial, por exemplo.
Em nota divulgada ontem, a
Caixa informou que "reconhece a
escassez de crédito comercial a
baixo custo no país" e que "tem
feito sua parte para contribuir
com a mudança deste cenário",
diz a nota
Ainda de acordo com a nota, os
juros médios praticados pela Caixa são seis pontos percentuais
menores do que a taxa de mercado nos empréstimos concedidos a
empresas. Entre as pessoas físicas,
diz a instituição, a diferença é de
três pontos percentuais.
A Caixa informou também que
o lucro obtido nas suas operações
de crédito comercial permite ao
banco praticar taxas menores nos
empréstimos de caráter social. Do
total de financiamentos oferecidos pela Caixa, 64,7% são destinados ao financiamento habitacional.
O Banco do Brasil informou,
por meio de sua assessoria imprensa, que não iria se pronunciar
sobre o assunto. No primeiro trimestre deste ano, o BB obteve ganhos de R$ 3,9 bilhões com suas
operações de crédito, um aumento de R$ 1,1 bilhão em relação ao
mesmo período de 2002.
Desse crescimento, R$ 342 milhões se referem exclusivamente
aos ganhos proporcionados pelos
juros mais altos praticados pelo
banco. O restante se explica pela
própria expansão da carteira de
crédito da instituição.
CUT
A CUT (Central Única dos Trabalhadores) vai fazer uma campanha nacional para pedir redução
das taxas de juros cobradas pelos
bancos e procurar representantes
da Febrabran (Federação Brasileira dos Bancos) e do governo para
discutir o assunto.
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