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TRIBUTO PESADO
Para coordenador de Política Tributária do órgão, Márcio Verdi, cálculo divulgado por instituto é especulação
Receita nega haver carga de 41,23% do PIB
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O coordenador-geral de Política Tributária da Receita Federal,
Márcio Verdi, chamou de "especulação" o cálculo divulgado nesta semana pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário de
que a carga tributária brasileira
teria chegado a 41,23% do PIB
(Produto Interno Bruto) no primeiro trimestre de 2003.
"É um dado para confundir, gerar tumulto, quando estamos em
uma discussão importante sobre
reforma tributária", disse.
A principal argumentação da
Receita Federal é que não existem
dados oficiais que embasem um
cálculo trimestral da carga. Além
disso, existem fatores sazonais, ou
seja, arrecadações típicas de determinados períodos, que podem
ser anuladas na variação anual.
Para 2002, a Receita Federal
apurou uma carga tributária de
35,86% do PIB. O instituto apurou 36,45% para o mesmo período, um total também superior aos
números do BNDES e do IBGE.
"Eles têm um viés [tendência] de
elevar os resultados", criticou
Verdi.
Segundo o coordenador, ainda
não existem informações fechadas para saber se a carga vai aumentar ou diminuir. "Além de
não termos o PIB, não existem dados sobre outros impostos como
o Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços".
Segundo os dados do IBPT, os
brasileiros pagaram R$ 135,13 bilhões em impostos e contribuições à União, aos Estados e aos
municípios nos três primeiros
meses do ano, ou R$ 1,126 bilhão
por dia.
Esse valor, que, segundo o IBPT,
representa 41,23% do Produto Interno Bruto, ocorreu basicamente
devido ao aumento de quatro tributos, de acordo com Gilberto
Luiz do Amaral, IBPT e coordenador do estudo.
O ministro da Fazenda, Antonio
Palocci Filho, tem afirmado que
não haverá aumento de carga tributária neste ano.
Mas a Receita tem informado
que a carga poderá aumentar com
as "correções de distorções" que
estão sendo feitas. Neste ano, está
sendo elevada a carga das empresas e dos bancos em R$ 2,6 bilhões
anuais.
Porém, como os aumentos só
entrarão em vigor em outubro,
haverá uma arrecadação extra de
R$ 480 milhões em 2003.
As mudanças que foram feitas
na tributação das empresas que
pagam impostos sobre o lucro
presumido (estimativa mensal)
vão elevar a carga dos profissionais liberais que faturam R$ 150
mil anuais de 9,53% para 11,53%.
"Se esses contribuintes pagassem
como pessoas físicas, a alíquota
seria de quase 20%", disse Verdi.
Segundo o coordenador, esse é
um exemplo de "distorção" que
está sendo corrigida. Verdi explicou que essa "correção" não pode
ser feita para baixo porque o governo vive um momento de restrição fiscal. "Mas isso poderá resultar em mais gastos na área social até o final do ano".
(SÍLVIA MUGNATTO)
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