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Fazenda recomendará a Lula fim da redução de IPI
Equipe econômica defende que não haja prorrogação para veículos e eletrodomésticos
Avaliação é que a melhora no crédito evitaria queda acentuada nas vendas; benefício para carros
vale até o final deste mês
VALDO CRUZ
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério da Fazenda recomendará que a redução de
impostos para veículos e eletrodomésticos não seja prorrogada. O benefício para carros
acaba no final deste mês, e o dos
eletrodomésticos vale até 14 de
julho. A avaliação da área econômica é que a melhora nas
condições de crédito e no cenário internacional é suficiente
para evitar uma queda acentuada nas vendas desses setores.
A decisão final será do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
que concordou em prorrogar a
desoneração de impostos para
automóveis em março e já deu
sinais de que poderá estender a
medida caso haja riscos para a
indústria automotiva.
A equipe econômica não coloca a arrecadação como principal motivo para retomar a tributação do IPI (Imposto sobre
Produtos Industrializados),
mas é um dos fatores considerados. Entre dezembro e junho,
período em que terão vigorado
as alíquotas reduzidas sobre
carros, a perda de receita é estimada em R$ 2,5 bilhões. No caso dos eletrodomésticos, o impacto é bem menor: R$ 173 milhões nos três meses de vigência da medida.
O outro argumento é que
prorrogações sucessivas têm
cada vez menos efeito. Num
primeiro momento, a queda no
imposto estimula a compra por
quem tinha planos de adquirir
um carro novo e estava adiando
a decisão. Quando a desoneração é estendida, não serve como um impulso para mudar o
comportamento de quem não
ia adquirir um veículo.
Em São Paulo, o presidente
da Anfavea (associação das
montadoras), Jackson Schneider, disse que uma nova prorrogação do IPI reduzido não está em negociação, ao menos por
enquanto. "Temos a informação do governo de que o IPI
menor segue somente até o final de junho", afirmou. Questionado se buscaria uma extensão do prazo, Schneider afirmou não ter tratado sobre o tema com o governo ainda. "Não
tivemos reuniões sobre isso. É
possível que tenhamos mais
para a frente." Segundo ele, as
vendas devem sofrer queda em
julho, com o fim do benefício.
Retomada do crédito
A retomada no crédito já está
aparecendo nos números coletados pelo BC (Banco Central).
A média diária de concessão de
crédito entra janeiro e setembro do ano passado era de R$
7,1 bilhões. Em janeiro deste
ano, havia caído para cerca de
R$ 6,3 bilhões, mas em abril retomou os níveis pré-crise.
O crescimento no crédito entre setembro de 2008 e abril
chega a 8,3%, concentrado
principalmente nos bancos públicos, que elevaram seus empréstimos em 19,5%, ante 11%
das grandes instituições privadas brasileiras.
Além disso, a decisão dos
grandes bancos nacionais, como Bradesco e BB, de ampliar o
prazo de financiamento de veículos é vista como um sinal de
que, mesmo com o aumento da
tributação, o mercado conseguirá atender a demanda, um
dos pontos críticos no fim do
ano passado.
Sem acesso a linhas externas
que eram usadas para empréstimos internos, os bancos reduziram o financiamento e os prazos e elevaram as taxas cobradas. Para contornar esse problema, o governo criou uma linha especial para os bancos das
montadoras e reduziu o imposto. O IPI caiu, por exemplo, de
7% para zero nos carros com
motor até 1.0, e nos modelos
mais potentes a redução foi de
50% nas alíquotas.
No caso dos eletrodomésticos, o IPI foi zerado para fogões
e reduzido de 15% para 10% no
caso das geladeiras. Também
foram beneficiados máquinas
de lavar e tanquinhos.
De acordo com a Eletros, entidade de classe a indústria de
eletrodomésticos, a medida aumentou as vendas em 20% em
maio em relação ao mesmo mês
de 2008. A associação não comenta o impacto que o fim da
medida terá para o setor.
Com PAULO DE ARAUJO,
colaboração para a Folha
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