São Paulo, Sábado, 05 de Junho de 1999
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CONJUNTURA
Rombo foi de US$ 613 mi em maio; economistas vêem problemas no segundo semestre
Déficit em dobro dificulta meta argentina com o FMI

ANDRÉ SOLIANI
de Buenos Aires

O déficit fiscal do Tesouro argentino em maio, 101,6% maior do que o do ano passado, indica que será difícil cumprir a meta estabelecida pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) para 99, segundo economistas.
Em maio, o rombo das contas ficou em US$ 613 milhões. Para cumprir a meta de US$ 2,85 bilhões acertada com o Fundo, para a primeira metade deste ano, a Argentina teria de ter déficit fiscal de, no máximo, US$ 204,9 milhões neste mês.
"Será difícil cumprir a meta para este ano", diz Lacey Gallagher, diretora de análise de risco da Standard & Poors. Para o primeiro semestre, Lacey acredita que o vizinho brasileiro conseguirá ficar dentro dos parâmetros acertados com o Fundo.
Diego Gacomini, analista fiscal do Instituto Broda, afirma que ainda falta conhecer o resultado de algumas contas do setor público, como o das empresas estatais. Se essas contas se comportarem como no ano passado, o déficit cairia para US$ 489 milhões, estima o analista.
Mesmo assim, Gacomini afirma que o resultado é pior do que o esperado. Segundo ele, 75% do crescimento desse déficit é explicado pela queda na arrecadação, devido à recessão econômica.

Receita em queda
Em maio, as receitas do governo argentino caíram 11,4%, cerca de US$ 267,4 milhões. "Estimava queda de 7,3%", diz ele.
Segundo Gacomini, o governo ainda tem chance de fechar o primeiro semestre do ano dentro da meta estabelecida pelo Fundo. "O problema vai ser no segundo semestre", diz o economista.
A meta oficial é de US$ 5,1 bilhões. O Instituto Broda estima déficit de US$ 6,4 bilhões. O déficit oficial estimado de US$ 900 milhões no último trimestre não será cumprido, diz o analista.
A estimativa de queda da economia argentina para 99 está subavaliada, na opinião de vários analistas, o que resultará na menor arrecadação no segundo semestre.
Para o economista Hernán Hirsch, também do Broda, talvez seja preciso rever a meta do instituto, depois do resultado de maio.
A Fundação Capital, consultoria financeira, também trabalha com déficit fiscal superior à meta oficial, de US$ 5,45 bilhões.
Caso a Argentina necessite rever a meta fiscal com o Fundo, completaria a terceira negociação do ano. A última foi um aumento de US$ 150 milhões, para evitar corte de verbas no Ministério da Educação. "Não será a primeira vez que a Argentina não cumpre uma meta", diz Gallagher.


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