São Paulo, Sábado, 05 de Junho de 1999
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CONJUNTURA
Indicadores mostram que o fôlego da economia norte-americana poderá levar o Fed a elevar as taxas de juros
Desemprego cai e salário sobe nos EUA

MARCIO AITH
de Washington

O índice de desemprego nos Estados Unidos voltou a cair para 4,2% em maio, o patamar mais baixo dos últimos 29 anos. A taxa estava em 4,3%.
O número foi divulgado pelo Departamento de Trabalho, que informou ainda ter registrado um aumento no valor médio do salário pago por hora no país.
O mercado interpretou esses dois índices como fatores que poderão levar o Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) a elevar os juros de curto prazo ainda na próxima reunião de seu comitê de política econômica, que começa no dia 29 de junho.

Medo de inflação
A combinação de desemprego em queda com salário em alta é vista como explosiva para detonar pressões inflacionárias. Há anos a economia norte-americana cresce sem parar, criando a expectativa de que um dia o fôlego acaba.
Como resultado da divulgação dos dois indicadores, o valor dos T-Bonds (títulos da dívida norte-americana) de 30 anos, considerados o investimento mais seguro do mundo, caiu US$ 2,81. Isso significa que os juros embutidos nesses títulos subiram (de 5,92% para 5,96% ao ano).
Outros títulos do mercado norte-americano também foram afetados. O prêmio pago pelas notas de dois anos do Tesouro, os mais negociados do mercado, subiram para 5,54%, os mais altos do ano (quanto menor o preço do título, maior o prêmio, seu rendimento).

Bolsas sobem
As Bolsas norte-americanas subiram ontem, depois de duas semanas praticamente ininterruptas de queda. O índice Dow Jones subiu 1,1%. O Standard & Poor's 500, 2,2%.
A compra de ações se restringiu aos títulos cujo valor havia caído de forma exagerada recentemente, principalmente nos setores de informática e farmacêutico.
O mercado teme que o Federal Reserve volte a elevar para 5% ao ano os juros de um dia dos empréstimos entre bancos, considerado um dos principais instrumentos com os quais a instituição opera a política monetária do país. A taxa do interbancário está em 4,75%.
A medida serviria para conter a inflação, que, conforme o último índice divulgado em maio, está com tendência de alta.
Qualquer índice divulgado que indique um aquecimento menor da economia dos EUA tem sido interpretado como um sinal de que os juros vão subir para conter a inflação. Índices mostrando um aquecimento menos forte acalmam os mercados.

Menos vagas
Nos números divulgados ontem pelo Departamento do Trabalho havia também um que agradou aos investidores, embora não tenha prevalecido na formação do clima geral dos mercados.
Em maio, o número de empregos criados foi de 11 mil, abaixo do que esperavam os investidores.
Conforme o raciocínio que se fizer, pode-se interpretar que, com menos empregos criados, a economia está crescendo num ritmo menor. No entanto, o resultado dos meses anteriores mostra que a velocidade de criação de empregos ainda é forte.

2,9 milhões em um ano
Nos cinco primeiros meses deste ano, a economia norte-americana criou 981 mil novos postos de trabalho.
Em todo o ano de 1998, o número de novos empregos foi de 2,9 milhões. Portanto, o aquecimento da economia em 1999 tem sido intenso, mesmo se comparado com o crescimento de 1998 e de 1997.


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