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PORTO SEGURO
Marcação a mercado derruba fundos e caderneta registra saldo de R$ 5,29 bi em junho, o maior da história
Mudança nos fundos vitamina poupança
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com a mudança nas regras dos
fundos de investimento, muitos
investidores preferiram transferir
seu dinheiro para a poupança,
que registrou captação recorde no
mês passado.
Segundo o Banco Central, os depósitos na caderneta superaram
os saques em R$ 5,29 bilhões,
maior saldo desde a criação da
poupança, em 1966.
Foi a primeira vez neste ano que
a poupança apresentou captação
positiva. Entre janeiro e maio, os
saques haviam superado os depósitos em R$ 2,98 bilhões.
Os rendimentos pagos aos poupadores em junho chegou a R$
799 milhões, com isso o saldo total das aplicações na caderneta estava em R$ 125,7 bilhões.
A migração é consequência das
perdas sofridas, no final de maio,
por fundos DI e de renda fixa.
Considerados os fundos mais seguros do mercado, eles tiveram
perdas depois que o Banco Central e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) anteciparam a
validade da regra que ficou conhecida como marcação a mercado.
Por essa regra, os fundos passaram a contabilizar seus ativos
-em sua maioria títulos públicos- pelo seu valor de mercado.
Antes, a contabilidade era feita
pelo valor de aquisição dos papéis, corrigido por uma determinada taxa de juros.
Nova regra
Quando a regra entrou em vigor, em 31 de maio, percebeu-se
que muitos títulos da carteira dos
fundos estavam avaliados a um
valor excessivamente alto. Feita a
contabilidade de acordo com valores de mercado, alguns fundos
registraram, em um dia, perdas de
até 4% de seu patrimônio.
Estima-se que, só na primeira
semana de junho, os saques nos
fundos DI e de renda fixa tenham
chegado a R$ 5 bilhões. Dados da
Anbid (Associação Nacional dos
Bancos de Investimento) mostram que no mês de junho a captação líquida -saques menos depósitos- desses dois tipos de
fundo foi negativa em R$ 17,917
bilhões.
Todas as transações em fundos
de investimento são registradas
pela Anbid.
Os fundos DI e de renda fixa
aplicam os recursos dos investidores, preferencialmente, em títulos emitidos pelo governo. Esses papéis pagam juros próximos
aos juros básicos da economia,
hoje em cerca de 1,5% ao mês.
Humor do mercado
Essa rentabilidade, porém, está
sujeita às variações de humor do
mercado financeiro. Nas últimas
semanas, a procura por papéis do
governo caiu, o que resultou em
desvalorização dos títulos e consequentes prejuízos aos fundos.
No caso da poupança, a rentabilidade é conhecida no momento
da aplicação. A caderneta paga ao
poupador a variação da TR (Taxa
Referencial) mais juros de 0,5%
ao mês. As contas com aniversário ontem, por exemplo, renderam 0,7188%.
A rentabilidade menor da poupança é compensada pela isenção
do Imposto de Renda oferecido a
seus investidores. Quem coloca
seu dinheiro em fundos de investimento paga 20% de IR sobre os
ganhos obtidos.
Segurança
Além disso, as aplicações na caderneta são mais seguras, pois
contam com a cobertura do FGC
(Fundo Garantidor de Crédito),
que funciona como uma espécie
de seguro. Se o banco onde o poupador mantém sua conta quebrar, o FGC garante o saque de todo o seu dinheiro, num limite de
até R$ 20 mil por pessoa.
Nos fundos de investimento
não há garantias. Os fundos aplicam seus recursos em títulos emitidos por governo e empresas, mas, no caso de um calote, todo o prejuízo fica com os investidores. Ou seja, não existe nenhum tipo de garantia para este tipo de investimento.
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