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OPERAÇÃO RESGATE
Fuga de recursos equivale à da crise asiática
Fundos perdem R$ 21,6 bi em junho
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os fundos de investimento
sofreram em junho uma fuga
de recursos recorde de R$ 21,6
bilhões. O volume de saques representa 6,38% do patrimônio
líquido dessas aplicações e, em
termos percentuais, é proporcional ao movimento registrado em novembro de 1997, auge
da crise da Ásia. Naquele mês a
indústria de fundos perdeu
7,13% do seu patrimônio, R$
8,3 bilhões.
O dinheiro que saiu dos fundos em junho buscou refúgio
na poupança e nos CDBs (Certificados de Depósito Bancário). A poupança teve captação
líquida (aplicações menos resgates) de R$ 5,29 bilhões, segundo dados do BC, e a venda
de CDBs bateu em R$ 15,47 bilhões, segundo a Cetip (Central
de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos).
Segundo a Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento), os resgates nos
fundos se concentraram nas
agências bancárias, ou seja, foram o pequeno e o médio investidor que fugiram dessas
aplicações. "Vemos com tranquilidade esses resgates, pois o
investidor mais informado não
está sacando sua aplicação",
diz Marcelo Giufrida, diretor
da Anbid.
Segundo ele, as perdas de
rentabilidade sofridas no final
de maio e em junho, devido à
volatilidade (oscilação) que as
LFTs (Letras Financeiras do
Tesouro) passaram a ter neste
ano e às novas regras de contabilização dos fundos, assustaram o investidor. Para o consultor financeiro Fábio Colombo, a migração dos fundos para
ativos que ofereçam menos oscilação deverá continuar, pois
os preços das LFTs continuam
oscilando e as cotas dos fundos
podem ter rendimento negativo um dia ou outro. "Há uma
pretensa segurança na poupança e nos CDBs que atrai o
investidor", diz Colombo.
Segundo ele, como esses dois
ativos não divulgam uma cota
diária, como ocorre com os
fundos, o investidor dorme
tranquilo. "Mas, se ele resgatar
o dinheiro da caderneta antes
da data do aniversário, perderá
parte do ganho; se sair do CDB
antes do prazo fixado, também
receberá menos do que o contratado", diz Colombo. "E, se o
banco quebrar, só terá direito a
R$ 20 mil do total aplicado."
Na opinião do consultor
Mauro Halfeld, os investidores
poderão fazer o caminho de
volta se os fundos voltarem a
render mais que a poupança.
Em junho, a diferença foi muito pequena e alguns fundos até
perderam para a caderneta.
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