São Paulo, sexta-feira, 05 de julho de 2002

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OPERAÇÃO RESGATE

Fuga de recursos equivale à da crise asiática

Fundos perdem R$ 21,6 bi em junho

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os fundos de investimento sofreram em junho uma fuga de recursos recorde de R$ 21,6 bilhões. O volume de saques representa 6,38% do patrimônio líquido dessas aplicações e, em termos percentuais, é proporcional ao movimento registrado em novembro de 1997, auge da crise da Ásia. Naquele mês a indústria de fundos perdeu 7,13% do seu patrimônio, R$ 8,3 bilhões.
O dinheiro que saiu dos fundos em junho buscou refúgio na poupança e nos CDBs (Certificados de Depósito Bancário). A poupança teve captação líquida (aplicações menos resgates) de R$ 5,29 bilhões, segundo dados do BC, e a venda de CDBs bateu em R$ 15,47 bilhões, segundo a Cetip (Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos).
Segundo a Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento), os resgates nos fundos se concentraram nas agências bancárias, ou seja, foram o pequeno e o médio investidor que fugiram dessas aplicações. "Vemos com tranquilidade esses resgates, pois o investidor mais informado não está sacando sua aplicação", diz Marcelo Giufrida, diretor da Anbid.
Segundo ele, as perdas de rentabilidade sofridas no final de maio e em junho, devido à volatilidade (oscilação) que as LFTs (Letras Financeiras do Tesouro) passaram a ter neste ano e às novas regras de contabilização dos fundos, assustaram o investidor. Para o consultor financeiro Fábio Colombo, a migração dos fundos para ativos que ofereçam menos oscilação deverá continuar, pois os preços das LFTs continuam oscilando e as cotas dos fundos podem ter rendimento negativo um dia ou outro. "Há uma pretensa segurança na poupança e nos CDBs que atrai o investidor", diz Colombo.
Segundo ele, como esses dois ativos não divulgam uma cota diária, como ocorre com os fundos, o investidor dorme tranquilo. "Mas, se ele resgatar o dinheiro da caderneta antes da data do aniversário, perderá parte do ganho; se sair do CDB antes do prazo fixado, também receberá menos do que o contratado", diz Colombo. "E, se o banco quebrar, só terá direito a R$ 20 mil do total aplicado."
Na opinião do consultor Mauro Halfeld, os investidores poderão fazer o caminho de volta se os fundos voltarem a render mais que a poupança. Em junho, a diferença foi muito pequena e alguns fundos até perderam para a caderneta.



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