São Paulo, sexta-feira, 05 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Remessa de dólares ao exterior em junho é a maior desde a máxi de 99

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As remessas de dólares para o exterior chegaram a US$ 4,2 bilhões no mês passado, maior volume desde janeiro de 1999, quando ocorreu a maxidesvalorização do real. O valor se refere a pagamentos da dívida externa e remessas de lucros e dividendos, entre outros. Não inclui operações realizadas entre bancos.
O número também não inclui as operações de comércio exterior, que, nos últimos meses, têm registrado saldo positivo. No mês passado, o câmbio contratado pelos exportadores, que não reflete necessariamente os produtos embarcados, somou US$ 6,1 bilhões. O câmbio contratado pelos importadores ficou em US$ 2,8 bilhões.
Os números mostram que as empresas estão com dificuldades em renovar seus empréstimos externos, sendo forçadas a quitar suas obrigações. Com isso, as remessas de dólares ao exterior crescem.
Em contrapartida, o resultado também reflete o efeito que o câmbio flutuante tem sobre as contas externas em momentos de nervosismo. Em janeiro de 1999, quando o país estava mudando seu regime de câmbio, o saldo cambial das operações de comércio exterior ficou positivo em US$ 198 milhões -contra US$ 3,3 bilhões no mês passado.
Já nas operações financeiras -pagamentos da dívida externa e remessas de lucros e dividendos, entre outros-, o resultado de janeiro de 1999 foi negativo em US$ 6,69 bilhões, parecido com os US$ 4,2 bilhões registrados em junho deste ano.
Ou seja, em momentos de crise no mercado financeiro, a alta da moeda dos EUA faz os exportadores trazerem mais dólares ao país, o que compensa uma eventual saída de capital.
Entre julho e dezembro, os vencimentos de dívida externa do governo e das empresas devem somar US$ 14,72 bilhões. O volume previsto não é grande quando comparado com anos anteriores. O problema é a dificuldade que o país tem enfrentado para renovar suas dívidas.
No ano passado, os vencimentos da dívida externa somaram US$ 35 bilhões -valor 25% superior ao previsto para este ano. Em 2001, porém, o país conseguiu renovar 100% desses empréstimos. Isso significa que os US$ 35 bilhões não precisaram ser efetivamente enviados para fora do país, pois as dívidas foram todas refinanciadas.
Neste ano, o BC estima que a taxa de rolagem da dívida externa caia para 71%. Isso quer dizer que parte dos US$ 28 bilhões que vencem neste ano precisará ser paga. Por isso, mesmo que os vencimentos deste ano sejam menores, seu impacto sobre a cotação do dólar deve ser maior.

CC-5
Já as remessas de dinheiro para o exterior por meio das CC-5 (contas de pessoas ou empresas residentes ou instaladas no exterior) ficaram praticamente estáveis. Em junho, foram enviados US$ 605 milhões ao exterior por meio desse mecanismo. Em maio, as remessas haviam chegado a US$ 616 milhões, o que representou um crescimento de 55,6% em relação ao movimento de abril.
(NEY HAYASHI DA CRUZ)


Texto Anterior: Operação resgate: Fundos perdem R$ 21,6 bi em junho
Próximo Texto: Brasil não precisa de ajuda, diz FMI
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.