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ARGENTINA EM CRISE
Duhalde teria adiado a renúncia, e não antecipado pleito, segundo líder nas pesquisas para presidente
Oposição quer eleições ainda mais cedo
JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES
Dois dias depois de anunciar a
antecipação da eleição presidencial em seis meses, o presidente
argentino, Eduardo Duhalde, começou a enfrentar pressões de diversos setores para adiantar ainda
mais o pleito.
Já na terça-feira, quando Duhalde divulgou a decisão de realizar a
eleição em 30 de março, a deputada de oposição Elisa Carrió, que
lidera todas as pesquisas de intenção de voto para a Presidência,
iniciou a campanha por eleições
mais breves. Para ela, Duhalde estaria tão fraco que teria adiado
sua renúncia, e não antecipado a
eleição, ao marcar o pleito para
março.
Um dia depois, as palavras de
Carrió já ganhavam apoio dentro
do próprio Partido Justicialista
(peronista, do presidente Eduardo Duhalde). Segundo a imprensa local, os governadores Juan
Carlos Romero (Salta) e Néstor
Kirchner (Santa Cruz) defenderam a realização da eleição ainda
neste ano, durante a reunião de
governadores peronistas realizada na última quarta-feira.
No entanto o partido decidiu
que Duhalde ficaria fraco demais
se sua proposta fosse desautorizada pelos próprios peronistas. Por
isso, 10 dos 14 governadores do
partido assinaram carta de apoio
às eleições em março.
Consciente de sua fraqueza, Duhalde já organiza a estratégia para
chegar até o final do mandato. O
primeiro passo deve incluir a realização de uma reforma ministerial, que começou com a demissão do ministro Jorge Vanossi
(Justiça). Depois, em 9 de julho,
Dia da Independência da Argentina, o presidente quer anunciar
um "megaplano" de 1.480 obras
públicas.
Dessa forma, Duhalde tenta garantir a governabilidade e ganhar
maior apoio da população. Segundo pesquisa do site do jornal
"Clarín", 59,6% dos argentinos
acham que a eleição deveria ocorrer antes de 30 de março.
Patética solidão
Na mesma linha, o jornal espanhol "El Mundo" afirmou, em
editorial publicado ontem, que
Duhalde vive uma "patética solidão". O presidente, segundo o
diário, não teria legitimidade nem
apoio do partido peronista ou da
população e fracassou em fechar
o acordo com o FMI. Por isso, "ficou praticamente só" e resolveu
adiantar as eleições.
Na mesma linha, o jornal britânico "Financial Times" disse, em
editorial, que a antecipação era
"inevitável", mas preferiria que a
data fosse mais próxima.
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