São Paulo, sexta-feira, 05 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Oposição quer adiantar ainda mais as eleições

DE BUENOS AIRES

Dois dias depois de anunciar a antecipação da eleição presidencial em seis meses, o presidente argentino, Eduardo Duhalde, já começou a enfrentar pressões de diversos setores para adiantar ainda mais o pleito.
Ainda na terça-feira, quando Duhalde divulgou sua decisão de realizar a eleição em 30 de março, a deputada de oposição Elisa Carrió, que lidera todas as pesquisas de intenção de voto para a Presidência, iniciou a campanha por eleições mais breves. Para ela, Duhalde estaria tão fraco que teria adiado sua renúncia, e não antecipado a eleição, ao marcar o pleito para março.
Um dia depois, os reclamos de Carrió já ganhavam apoio dentro do próprio Partido Justicialista (peronista, do presidente Eduardo Duhalde). Segundo a imprensa local, os governadores Juan Carlos Romero (Salta) e Néstor Kirchner (Santa Cruz) defenderam a realização da eleição ainda neste ano durante a reunião de governadores peronistas realizada na última quarta-feira. Para Kirchner, esperar até março seria como uma "eternidade".
No entanto, o partido decidiu que Duhalde ficaria muito fraco se sua proposta de realizar a eleição em março fosse desautorizada pelos próprios peronistas.
Por isso, 10 dos 14 governadores peronistas assinaram carta de apoio à decisão de Duhalde.
A população, no entanto, deu sinais de que prefere uma mandato ainda mais curto. Segundo pesquisa do site do jornal "Clarín", com 13.314 internautas, 59,6% acham que a eleição deveria ser antes de 30 de março, enquanto 35% apóiam a data fixada.
Em editorial publicado ontem, o jornal espanhol "El Mundo" afirmou que Duhalde vive uma "patética solidão". O presidente, segundo o diário, não teria legitimidade, apoio do partido peronista ou da população e fracassou em fechar o acordo com o FMI. Por isso, "ficou praticamente só" e resolveu adiantar as eleições.
Na mesma linha, o jornal britânico "Financial Times" disse que a antecipação era "inevitável", mas reclamou que a data escolhida não seja mais próxima. (JS)


Texto Anterior: América Latina em crise: Mercosul decide se unir para buscar ajuda
Próximo Texto: Novo presidente do BC já reclama de Lavagna
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.