São Paulo, sexta-feira, 05 de julho de 2002

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Novo presidente do BC já reclama de Lavagna

DE BUENOS AIRES

Menos de 15 dias após tomar posse, o novo presidente do Banco Central da Argentina, Aldo Pignanelli, reclamou da falta de independência da instituição e deixou claro que tem vários pontos de divergência com o ministro Roberto Lavagna (Economia).
Em sua primeira entrevista pública, Pignanelli atacou o plano de Lavagna para flexibilizar as restrições bancárias impostas pelo curralzinho, que dá aos correntistas a opção de trocar os depósitos congelados por bônus do governo.
Assim como o FMI (Fundo Monetário Internacional), Pignanelli insistiu que a devolução obrigatória de títulos públicos aos correntistas possibilitaria um fim mais rápido do curralzinho.
Horas depois, Pignanelli tentou se retratar. Em nota divulgada pelo BC, ele afirmou ter "convicção que o plano de bônus implementado pelo governo terá uma alta aceitação dos correntistas".
As idas-e-vindas mostram que as divergências do BC com o Ministério da Economia não foram resolvidas após a substituição do ex-presidente Mario Blejer por Pignanelli. Blejer deixou o cargo por achar que o ministro não respeita a independência do BC.

Mais bronca
Durante a entrevista, Pignanelli também disse que vai exigir "autonomia" para tomar decisões sobre a política monetária. "Se ele (Lavagna) estiver de acordo, bem. Se não, sinto muito."
A política defendido por Pignanelli prevê a fusão dos bancos públicos argentinos, que precisam ganhar "eficiência". Lavagna havia defendido dias antes a venda de ações dessas instituições em Bolsa para capitalizá-las.
Após afirmar que "não é o momento" para vender ações, Pignanelli acrescentou, novamente com rispidez: "A banca pública terá que cumprir com as normas que serão definidas pelo BC."
O presidente do BC também disse que, entre os cerca de 100 bancos que operam no país, só haverá lugar para 40. Ele descartou, porém, que haja uma quebradeira no sistema financeiro, já que o enxugamento ocorreria com fusões. (JS)


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