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AVIAÇÃO
Varig pode demitir e devolver avião
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente da Varig, Ozires
Silva, afirmou ontem que a alta
acumulada do dólar neste ano já
levou a companhia a perder toda
a economia obtida com a política
de corte de custos implantada no
ano passado. A Varig já havia reduzido as despesas em cerca de
US$ 160 milhões, principalmente
demitindo funcionários.
Com o dólar mais caro, disse o
executivo, crescem os encargos
com a dívida -de US$ 900 milhões, dos quais 60% em moeda
norte-americana.
O dólar valorizado também afeta a principal fonte de receitas da
Varig: as passagens internacionais, que respondem por quase
60% do seu faturamento.
Segundo Silva, a venda de bilhetes para o exterior está estagnada
em relação ao ano passado, por
causa, sobretudo, da alta do dólar.
Com esse cenário turbulento, o
presidente da Varig não descartou a hipótese de devolver aeronaves sob contrato de leasing e até
mesmo demitir mais funcionários. Em 2001, a Varig já havia cortado 10% de seus postos de trabalho e, recentemente, sete aeronaves deixaram a frota da empresa
-hoje, com cerca de 80 aviões.
Os problemas da Varig não param por aí: a companhia teve parcelar o pagamento dos empregados com salários superiores a R$
2.000. Os que têm rendimento superior receberão até esse limite
hoje e o restante, daqui a dez dias.
A Varig credita a necessidade
do parcelamento, o primeiro desde o início da década de 80, ao
acúmulo de vencimentos de dívidas neste mês, cujas datas não casaram com seus recebimentos.
"Foi um problema de fluxo de
caixa, que é comum no setor. Não
deve se repetir nos próximos meses", disse Silva.
O executivo afirmou ainda que
até 30 de outubro, no máximo, estará encerrado o processo de capitalização da empresa. A Varig
levou ao BNDES um pedido de
US$ 300 milhões. Desse total, US$
100 milhões seriam arrecadados
com debêntures, adquiridas pelo
BNDES, de acordo com a proposta apresentada pela empresa. O
restante viria da emissão de ações.
Mudanças
O presidente da Associação dos
Pilotos da Varig (Apvar), Flávio
Souza, defendeu ontem a mudança de gestão da Varig, que decidiu
atrasar neste mês o pagamento de
parte dos salários dos empregados. "Uma companhia atrasa os
salários quando chega a uma encruzilhada. A Varig voltará a ter
suas finanças em dia quando houver uma troca dos seus administradores", afirmou Souza.
"O atraso dos salários é uma demonstração nítida e clara de problemas no fluxo de caixa da companhia", disse Souza.
A associação dos pilotos defende, ainda, a retirada dos membros da Fundação Ruben Berta do conselho de administração da companhia aérea e sua substituição por gestores profissionais. A Fundação Ruben Berta detém atualmente 87% do capital votante da companhia.
Colaborou LÁSZLÓ VARGA, da reportagem local
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