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SIDERURGIA
Empresa é controlada hoje pelo grupo Vicunha; interessada quer ter acesso a fontes mais baratas de minério
Multinacional deve comprar controle da CSN
DA REDAÇÃO
DA SUCURSAL DO RIO
A siderúrgica anglo-holandesa
Corus estaria prestes a concluir a
aquisição do controle da CSN,
atualmente nas mãos do grupo
Vicunha, de acordo com reportagem do "Financial Times" de hoje. A Corus, interessada em ter
acesso a fontes mais baratas de
minério de ferro, já vinha estudando a compra da brasileira havia algum tempo.
De acordo com o jornal inglês, o
negócio, que pode ser concretizado ainda na próxima semana, seria feito por intermédio da emissão de novas ações da Corus. Entre 30% e 40% do capital da anglo-holandesa ficaria com a CSN
(Companhia Siderúrgica Nacional), num valor total de US$ 1,5
bilhão.
Com o negócio, a Corus praticamente não precisaria mais comprar minério de grandes grupos
como Rio Tinto, BHP Billiton e
Vale do Rio Doce (a maior mineradora do Brasil).
Segundo o jornal inglês, a Corus
confirmou as conversas, mas a
palavra final dependeria de "várias partes" e de "várias condições". Tony Pedder, diretor-executivo da siderúrgica, já teria vindo diversas vezes ao Brasil para
tratar do possível negócio.
A CSN confirmou ontem que
vem mantendo negociações com
o grupo anglo-holandês Corus. A
companhia não revelou, porém,
que tipo de negócio está sendo
realizado. Apenas informou que
não existe até agora nenhum
acordo assinado.
Em uma nota de apenas quatro
linhas, a CSN informou que, "tendo em vista a estratégia de internacionalização de suas operações,
vem mantendo conversações
com diversas empresas, entre as
quais o grupo Corus".
Segundo informações que circularam ontem no mercado de siderurgia, apesar da insistência da
Corus, o acordo não deve envolver a venda do controle da CSN.
Além da oposição de Benjamin
Steinbruch, dono da CSN, a venda
do controle poderia esbarrar na
dívida que o grupo Vicunha (controlador da companhia) tem com
o BNDES, dizem especialistas do
setor siderúrgico.
O débito (de cerca de US$ 600
milhões e contraído para realizar
o descruzamento com a Vale do
Rio Doce) tem como garantia as
ações de controle da CSN.
Com isso, analistas acreditam
que é mais provável que a Corus
entre como acionista minoritária.
Mas também não descartam a
possibilidade de o grupo ficar
com o controle da CSN, quitando
a dívida com o BNDES. Só que isso exigiria um desembolso maior
da anglo-holandesa.
Há pelo menos seis meses se especula sobre a entrada da Corus
no capital da CSN, que vem registrando queda em seus lucros desde o ano passado devido à desvalorização cambial.
A ex-diretora-presidente da
companhia Maria Sílvia Bastos
Marques se opunha à idéia. Ela
defendia que a empresa caminhasse sozinha em seu processo
de internacionalização.
Essa atitude foi apontada na
época como um dos motivos da
saída da executiva, que deixou o
comando da companhia no final
do último mês de abril.
O descruzamento da Vale e da
CSN ocorreu há dois anos. No
acordo, o grupo Vicunha, além do
controle da siderúrgica, ficou com
a mina de Casa das Pedras. É justamente essa mina que estaria no
centro dos interesses da Corus, porque, segundo o "Financial Times", faria com que a anglo-holandesa reduzisse drasticamente sua dependência do fornecimento de outras empresas.
Mas, de acordo com o jornal, um dos pontos que pode derrubar o negócio seria uma eventual ação da Vale do Rio Doce. A mineradora poderia contestar a venda aos estrangeiros com o argumento que a mina de Casa das Pedras só poderia ser utilizada para a produção da CSN.
No ano passado, a CSN vendeu quatro toneladas de aço, no valor
total de R$ 3,3 bilhões.
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