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Lula proporá ao G8 ação contra especulação
Entre as medidas, está a fixação de limite para a atuação de "hedge funds" no mercado futuro de índices de commodities
Objetivo é evitar a disparada de preços como o do petróleo e o de produtos agrícolas; países divergem sobre forma de enfrentar o problema
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai propor na próxima reunião do G8 (os setes países mais ricos e a Rússia) medidas concretas visando uma
"ação mundial coordenada" para reduzir a especulação no
mercado de commodities (como petróleo e produtos agrícolas, com preços cotados internacionalmente).
Entre as medidas, em elaboração no Ministério da Fazenda, está a fixação de limites para a atuação de "hedge funds"
(fundos altamente especulativos) no mercado futuro de índices de commodities a fim de
evitar a disparada de preços como os do petróleo, que atingiu
os US$ 145 no mercado internacional nos últimos dias.
Lula participa do encontro
como convidado, nos dias 8 e 9,
no Japão. Ele embarca amanhã
e quer não só debater o tema da
especulação financeira no mercado de commodities como defender a adoção de medidas para frear esse movimento.
O assunto já foi discutido na
reunião preparatória do G8,
realizada em Osaka no mês passado pelos ministros das Finanças dos sete países mais ricos e a Rússia.
Na ocasião, o ministro italiano chegou a defender medidas
de regulação nos investimentos
especulativos em commodities,
mas não foi apoiado por outros
colegas, como dos Estados Unidos e do Reino Unido.
Apesar de haver um certo
consenso de que parte da alta
dos preços de produtos como
petróleo, soja e milho está relacionada à atuação de especuladores, há divergências entre os
países mais desenvolvidos sobre a melhor forma de enfrentar o problema.
Proteção
Analistas costumam destacar que os investidores passaram a atuar fortemente em
commodities depois que outros
ativos se desvalorizaram, como
dólar, imóveis e mercado acionário, em busca de proteção para seu capital.
E decidiram fazer investimentos em mercados de commodities porque há, hoje, um
ambiente propício para especulação no setor diante de uma
demanda mundial crescente e
oferta limitada de petróleo e
produtos agrícolas -fator principal para a disparada dos preços internacionais.
Daí que a solução para o problema passaria mais pelo aumento da oferta mundial desses produtos e pela adoção de
medidas que pudessem, por
exemplo, conter a desvalorização do dólar provocada pela crise americana e pela redução
dos juros pelo Fed (Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos).
O presidente Lula avalia que,
independentemente de medidas desse tipo, os países desenvolvidos precisam adotar
"ações coordenadas" para reduzir a especulação no mercado de commodities que estão
elevando a inflação mundial e
provocando desabastecimento
em países pobres.
O Congresso dos Estados
Unidos também está debatendo medidas no mesmo caminho, que contam com o apoio
até de megainvestidores como
George Soros.
Entre as propostas em discussão no Congresso americano, está a proibição de que fundos de pensão apliquem em
commodities, o que é criticado
pelo mercado e não conta com
o apoio do governo.
Há o temor de que medidas
severas na área possam afugentar os investidores e provocar
uma queda acentuada dos preços nesse setor, provocando
enormes prejuízos a empresários do ramo petroleiro e de
produtos agrícolas.
Cálculos apontam, por exemplo, que restrições na especulação financeira no mercado futuro de petróleo poderiam derrubar os preços do produto para a faixa entre US$ 65 e US$ 75
o barril. O interesse de fundos
especuladores pelas commodities tem crescido nos últimos
anos. De acordo com especialistas, o investimento total no
segmento aumentou em cerca
de US$ 40 bilhões em 2007,
atingindo a marca de US$ 175
bilhões.
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