São Paulo, sábado, 05 de julho de 2008

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Desconcentração favorece diminuição de desigualdades

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O crescimento das cidades médias favorece, entre outras coisas, a redução de desigualdades regionais e de renda, segundo especialistas. Ao promover uma melhora na qualidade das ocupações fora das metrópoles, diminuem diferenças salariais e atraem mão-de-obra qualificada. Em geral, essas cidades especializam-se em um ramo de atividade econômica.
Para Lauro Ramos, do Ipea, tem havido uma convergência, desde o Plano Real pelo menos, da qualidade do emprego criado no interior e nas metrópoles. O interior urbano "não está mais tão abaixo das regiões metropolitanas como esteve no passado", diz. "E é lícito concluir que isso tenha reflexo na queda da diferença de renda, de uma certa desigualdade."
Mas, se nas capitais e entorno o desenvolvimento econômico se deu historicamente pela diversificação, no interior está sendo diferente. A dispersão da atividade econômica industrial tem se baseado na especialização, propiciando uma relativa diminuição das desigualdades regionais -ainda muito acentuadas, no entanto.
De acordo com Clélio Campolina, pesquisador do Cedeplar (Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional), da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), são três as grandes áreas econômicas do país originadas pela interiorização e desenvolvimento das cidades médias.
Na região Sudeste-Sul, de industrialização já consolidada, destacam-se as atividades tecnologicamente mais sofisticadas, como o complexo metal-mecânico e elétrico, telecomunicações e indústria química. Setores "com muita complementaridade produtiva", diz.
Em parte de SP, PR e SC há também forte presença agro-industrial, ligada à cana-de-açúcar principalmente. No Centro-Oeste, são indústrias ligadas ao complexo agroindustrial, e no Nordeste, indústrias de tecnologia menos sofisticada, em parte transferidas do Sudeste.

Mão-de-obra
Os reflexos do desenvolvimento do interior, e das cidades médias em particular, também são sentidos nas migrações internas. Rosana Baeninger, pesquisadora do Nepo (Núcleo de Estudos Populacionais), da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), diz que São Paulo, além de ainda atrair muito, é hoje o pólo que mais expulsa pessoas no país.
Para ela, essas pessoas estão indo para o interior, que ganha em capacidade de retenção. "Há um processo de urbanização no Brasil que independe dos desenvolvimentos metropolitanos", diz. Com as cidades médias, "acontecerá o mesmo que ocorreu com as metrópoles, elas vão criar um entorno regional". (AG)


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