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Desconcentração favorece diminuição de desigualdades
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O crescimento das cidades
médias favorece, entre outras
coisas, a redução de desigualdades regionais e de renda, segundo especialistas. Ao promover
uma melhora na qualidade das
ocupações fora das metrópoles,
diminuem diferenças salariais
e atraem mão-de-obra qualificada. Em geral, essas cidades
especializam-se em um ramo
de atividade econômica.
Para Lauro Ramos, do Ipea,
tem havido uma convergência,
desde o Plano Real pelo menos,
da qualidade do emprego criado no interior e nas metrópoles. O interior urbano "não está
mais tão abaixo das regiões metropolitanas como esteve no
passado", diz. "E é lícito concluir que isso tenha reflexo na
queda da diferença de renda, de
uma certa desigualdade."
Mas, se nas capitais e entorno o desenvolvimento econômico se deu historicamente pela diversificação, no interior está sendo diferente. A dispersão
da atividade econômica industrial tem se baseado na especialização, propiciando uma relativa diminuição das desigualdades regionais -ainda muito
acentuadas, no entanto.
De acordo com Clélio Campolina, pesquisador do Cedeplar (Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional), da UFMG (Universidade
Federal de Minas Gerais), são
três as grandes áreas econômicas do país originadas pela interiorização e desenvolvimento
das cidades médias.
Na região Sudeste-Sul, de industrialização já consolidada,
destacam-se as atividades tecnologicamente mais sofisticadas, como o complexo metal-mecânico e elétrico, telecomunicações e indústria química.
Setores "com muita complementaridade produtiva", diz.
Em parte de SP, PR e SC há
também forte presença agro-industrial, ligada à cana-de-açúcar principalmente. No
Centro-Oeste, são indústrias ligadas ao complexo agroindustrial, e no Nordeste, indústrias
de tecnologia menos sofisticada, em parte transferidas do
Sudeste.
Mão-de-obra
Os reflexos do desenvolvimento do interior, e das cidades médias em particular, também são sentidos nas migrações internas. Rosana Baeninger, pesquisadora do Nepo
(Núcleo de Estudos Populacionais), da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), diz
que São Paulo, além de ainda
atrair muito, é hoje o pólo que
mais expulsa pessoas no país.
Para ela, essas pessoas estão
indo para o interior, que ganha
em capacidade de retenção.
"Há um processo de urbanização no Brasil que independe
dos desenvolvimentos metropolitanos", diz. Com as cidades
médias, "acontecerá o mesmo
que ocorreu com as metrópoles, elas vão criar um entorno
regional".
(AG)
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