São Paulo, domingo, 5 de julho de 1998

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IMÓVEIS
Muitas instituições vão continuar oferecendo alternativa do PCR, que mudou conceito de equivalência salarial
Bancos começam a se adaptar ao novo SFH

da Redação

O PCR (Plano de Comprometimento de Renda), que modificou o conceito de equivalência salarial a partir de 1993, deverá sobreviver no novo SFH. Pelo menos é o que indicam dois bancos atuantes no setor: Bradesco e BankBoston.
Não é estranho, entretanto, que isso aconteça. O PCR foi um sistema defendido no início desta década pelos próprios agentes financeiros, com base na experiência mexicana. Acabou virando lei.
É mais vantajoso do ponto de vista do mutuário, embora não proteja tanto quanto o antigo PES-CP, responsável por sérias distorções no sistema de crédito imobiliário e por enorme prejuízo para os cofres públicos.
Os bancos ainda estudam as mudanças, mas o Bradesco, por exemplo, informa que na faixa com juros de 12% ao ano (mais TR) manterá o PCR. Outra regra é opcional. No SFH, o empréstimo é limitado a R$ 90 mil, e o valor do imóvel, a R$ 180 mil.
O banco vai financiar até 12 anos, exigindo comprometimento inicial de renda de 25% nos empréstimos até R$ 26 mil, e 10% abaixo desse valor.
Até mesmo em sua carteira hipotecária o plano é o PCR, podendo ser outro por solicitação do mutuário. Aqui o imóvel pode valer mais de R$ 180 mil, e os juros são de 14% ao ano.
O BankBoston também não vai descartar o PCR para quem possui emprego com carteira assinada, tendo como comprovar renda, adianta Fábio Nogueira, diretor.
O problema do PCR, diz ele, é que exige sempre a comprovação da renda. Com isso, exclui profissionais autônomos ou trabalhadores da economia informal.
O diretor do BankBoston não vê tanto problema no fato de alguém fazer um financiamento sem a proteção dos 30% do PCR.
"Vamos negociar sempre. Se o banco for inflexível, só cria problemas. Um bom acordo é melhor que uma boa briga", afirma.
Na opinião dele, a flexibilização do SFH coincide com uma nova fase do sistema bancário. A competição está aí e o crédito imobiliário, segundo ele, passa a ser um dos instrumentos para que o cliente seja fiel ao banco.
No BankBoston, diz, a inadimplência no crédito imobiliário é quase nula e eventual renegociação não tem dado dor de cabeça.
Nos financiamentos diretos de construtoras e incorporadoras as regras de contrato sempre foram livres e a inadimplência não é grave, afirma João Cesar Botelho de Miranda, empresário do setor e diretor do Secovi-SP.
A inadimplência média é de 1,5% e não chega a 3%, afirma Miranda, atribuindo esse fato à proximidade cliente-empresa. Quando há dificuldade, diz ele, uma repactuação resolve o impasse.
(GABRIEL J. DE CARVALHO)



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