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CONSTRUÇÃO
Expectativa do setor imobiliário e de bancos é que custos em geral recuem e haja maior segurança jurídica
Juros tendem a cair com redução do risco
da Redação
A construção civil está animada
com a desregulamentação do SFH.
A expectativa é que as mudanças
impulsionem o setor com novas
obras e, a médio prazo, reduzam
custos e atraiam mais clientes.
Para João Cesar Botelho de Miranda, diretor do Secovi-SP, a redução de custos não se limitará ao
seguro habitacional, que deixou
de ser tabelado no SFH e agora pode ser contratado livremente.
Segundo ele, também as taxas de
juros devem baixar porque a concessão de financiamento imobiliário ficará menos insegura. Os bancos, com maior liberdade de regras e menos burocracia, terão retorno mais seguro.
"Os bancos ganham na remuneração do capital e do risco. Se o
risco cai, a tendência é que emprestem mais e com maior segurança", diz Miranda.
Com o interesse dos agentes financeiros em emprestar, a tendência daqui a seis meses ou um
ano é de alongamento de prazos e
redução dos juros, acredita ele.
"Tudo converge para a redução
dos juros", completa o diretor do
Secovi, lembrando que a Caixa
Econômica Federal (CEF) já fez o
primeiro corte nas taxas no chamado Poupanção.
A maior segurança do crédito
imobiliário virá da alienação fiduciária, figura jurídica que vai substituir o velho sistema da hipoteca
nos contratos entre mutuário e
agente financeiro.
A alienação fiduciária já existe
há anos, no Brasil, nos financiamentos de veículos, por exemplo.
Enquanto a dívida não é toda quitada pelo consumidor o carro fica
"alienado", como se diz no mercado. Ou seja, não pertence a
quem comprou o bem. É mais ou
menos isso que vai acontecer a
partir de agora no financiamento
de imóveis.
No sistema de hipoteca o mutuário também não tem a propriedade definitiva do imóvel enquanto
estiver devendo, mas a retomada
pelo credor, em caso de inadimplência, é um processo que leva
anos. Com a alienação fiduciária a
retomada é mais rápida.
Volta dos bancos
Miranda, como Fábio Nogueira,
diretor do BankBoston, acredita
que crescerá a partir de agora a
presença do sistema bancário na
concessão de financiamentos
imobiliários.
Nos últimos anos, com o esclerosamento do SFH, os bancos deixaram de emprestar. Muitos deles,
como a própria CEF, ficaram superaplicados em crédito imobiliário, já que não tiveram retorno dos
antigos financiamentos. Só agora
o equacionamento dos débitos do
FCVS (fundo federal que cobre resíduos de dívida) começa a andar.
O espaço dos bancos foi ocupado pelas próprias empresas do setor de construção, que passaram a
lançar, com sucesso, os financiamentos diretos, tipo "plano 100".
O diretor do Secovi estima que,
na fase em que os bancos ficaram
arredios, construtoras/incorporadoras, cooperativas etc. passaram
a responder por 70% ou 80% dos
financiamentos. Os bancos, por
20% ou 30%. Agora, ele espera a
inversão dessas participações.
Os novos financiamentos bancários no setor de imóveis, lembra
ele, será a matéria-prima da securitização de recebíveis do SFI (Sistema Financeiro Imobiliário).
Empresas do setor de construção e bancos vendem com deságio
o que têm a receber dos mutuários, fazendo dinheiro para tocar
novos empreendimentos e conceder novos empréstimos.
O governo deu outro empurrão
no processo de criar demanda no
setor ao classificar os recebíveis
imobiliários como valores mobiliários. Isso permite que os títulos
sejam comprados por fundos de
pensão, os que mais investem a
longo prazo no país.
(GJC)
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