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RECEITA ORTODOXA
Resultado do banco é 13% superior ao registrado em 2002; receita com intermediação financeira cai
Bradesco tem lucro bilionário no semestre
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Bradesco encerrou o primeiro
semestre com um lucro líquido de
R$ 1,027 bilhão. O resultado,
13,61% superior ao do primeiro
semestre de 2002, poderia ser até
maior não fossem as perdas provocadas pela variação cambial.
Márcio Cypriano, presidente do
Bradesco, explica que a valorização do real teve um impacto negativo de R$ 654 milhões nos resultados do banco. "Como tínhamos
um provisionamento para suportar isso, o impacto negativo líquido foi de R$ 150 milhões", diz ele.
Provisionamento, nesse caso,
são as reservas feitas no balanço
anterior para compensar eventuais perdas com a variação cambial. Ao reverter as provisões, o
banco reduz as perdas atuais.
No entanto o impacto do câmbio foi compensado, com folga,
pelo crescimento de 137% no resultado financeiro obtido com a
venda de seguros, planos de previdência e títulos de capitalização.
Segundo Cypriano, o Bradesco
obteve 25% do seu lucro do semestre com essas operações. Hoje, elas já constituem a terceira
fonte mais importante de receitas
da instituição, depois das operações de crédito e das aplicações
em títulos e valores mobiliários.
Na opinião de Fernando Coelho, analista da ABM Consulting,
"o Bradesco, como os demais
bancos, está investindo pesado
em outras áreas, se preparando
para um processo de queda dos
juros". Segundo ele, os ganhos
com "spread" bancário e com juros da dívida pública tendem a
encolher e o setor terá de buscar
ganhos de escala para compensar.
Ao divulgar o balanço ontem,
Cypriano destacou que o Bradesco prosseguiu no semestre passado na sua busca por aumento da
escala ao incorporar o BBV e o
Banco Mercantil de São Paulo.
Receitas
A valorização de 16% do real em
relação ao dólar, no semestre, fez
encolher as receitas do banco com
intermediação financeira. Nessa
conta estão todas as operações financeiras realizadas por um banco. No caso do Bradesco, elas somaram R$ 12,1 bilhões, 6% abaixo
do primeiro semestre de 2002.
O câmbio corroeu as receitas
porque parte da carteira de crédito e parte da de títulos e valores
mobiliários estavam atreladas ao
dólar. As receitas com operações
de crédito e tesouraria encolheram de R$ 6,8 bilhões no primeiro
semestre do ano passado para R$
5,6 bilhões neste ano. Já as receitas
com títulos e valores mobiliários
caíram de R$ 3,9 bilhões para R$
2,7 bilhões.
"Apesar da queda, a receita com
títulos ainda é alta e representa
20% das receitas com intermediação financeira", diz Coelho. Segundo ele, no mercado internacional essa conta representa apenas de 7% a 8% das receitas dos
bancos.
As operações de crédito, embora continuem sendo a principal
fonte de receitas do banco, tiveram crescimento vegetativo, de
apenas 0,9%. "Mas, se excluir a
carteira do BBV, a variação foi negativa", diz Cypriano. Segundo
ele, o desempenho da carteira de
crédito foi condicionado pela baixa demanda por essas operações.
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