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São Paulo, terça-feira, 05 de agosto de 2003

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RECEITA ORTODOXA

Resultado do banco é 13% superior ao registrado em 2002; receita com intermediação financeira cai

Bradesco tem lucro bilionário no semestre

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Bradesco encerrou o primeiro semestre com um lucro líquido de R$ 1,027 bilhão. O resultado, 13,61% superior ao do primeiro semestre de 2002, poderia ser até maior não fossem as perdas provocadas pela variação cambial.
Márcio Cypriano, presidente do Bradesco, explica que a valorização do real teve um impacto negativo de R$ 654 milhões nos resultados do banco. "Como tínhamos um provisionamento para suportar isso, o impacto negativo líquido foi de R$ 150 milhões", diz ele.
Provisionamento, nesse caso, são as reservas feitas no balanço anterior para compensar eventuais perdas com a variação cambial. Ao reverter as provisões, o banco reduz as perdas atuais.
No entanto o impacto do câmbio foi compensado, com folga, pelo crescimento de 137% no resultado financeiro obtido com a venda de seguros, planos de previdência e títulos de capitalização.
Segundo Cypriano, o Bradesco obteve 25% do seu lucro do semestre com essas operações. Hoje, elas já constituem a terceira fonte mais importante de receitas da instituição, depois das operações de crédito e das aplicações em títulos e valores mobiliários.
Na opinião de Fernando Coelho, analista da ABM Consulting, "o Bradesco, como os demais bancos, está investindo pesado em outras áreas, se preparando para um processo de queda dos juros". Segundo ele, os ganhos com "spread" bancário e com juros da dívida pública tendem a encolher e o setor terá de buscar ganhos de escala para compensar.
Ao divulgar o balanço ontem, Cypriano destacou que o Bradesco prosseguiu no semestre passado na sua busca por aumento da escala ao incorporar o BBV e o Banco Mercantil de São Paulo.

Receitas
A valorização de 16% do real em relação ao dólar, no semestre, fez encolher as receitas do banco com intermediação financeira. Nessa conta estão todas as operações financeiras realizadas por um banco. No caso do Bradesco, elas somaram R$ 12,1 bilhões, 6% abaixo do primeiro semestre de 2002.
O câmbio corroeu as receitas porque parte da carteira de crédito e parte da de títulos e valores mobiliários estavam atreladas ao dólar. As receitas com operações de crédito e tesouraria encolheram de R$ 6,8 bilhões no primeiro semestre do ano passado para R$ 5,6 bilhões neste ano. Já as receitas com títulos e valores mobiliários caíram de R$ 3,9 bilhões para R$ 2,7 bilhões.
"Apesar da queda, a receita com títulos ainda é alta e representa 20% das receitas com intermediação financeira", diz Coelho. Segundo ele, no mercado internacional essa conta representa apenas de 7% a 8% das receitas dos bancos.
As operações de crédito, embora continuem sendo a principal fonte de receitas do banco, tiveram crescimento vegetativo, de apenas 0,9%. "Mas, se excluir a carteira do BBV, a variação foi negativa", diz Cypriano. Segundo ele, o desempenho da carteira de crédito foi condicionado pela baixa demanda por essas operações.


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