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São Paulo, terça-feira, 05 de agosto de 2003

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Para analistas, compulsório menor pode injetar R$ 50 bi na economia

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma redução de 20 pontos percentuais no recolhimento compulsório dos bancos pode elevar em cerca de R$ 50 bilhões os recursos disponíveis para financiamento no país. Atualmente, o Banco Central retém 68% dos depósitos à vista dos bancos. Nessa conta, o compulsório cairia para 48%, como prevê o mercado.
Esse dinheiro extra, porém, não será suficiente para aumentar a procura por crédito e, assim, movimentar a economia, na análise de economistas consultados.
A demanda por financiamento pode crescer, dizem, se a redução do compulsório dos bancos vier acompanhada da queda nas taxas de juros para os consumidores.
Depende também da confiança do consumidor no futuro e da decisão dos bancos de emprestar o dinheiro. Vale a pena financiar o consumidor e as empresas ou investir em títulos públicos, já que as taxas de juros estão elevadas?
Fernando Sarti, economista da Unicamp, diz que "a redução do compulsório dos bancos é uma atitude desesperadora do governo para evitar o aprofundamento da crise. Do jeito que está a renda, o efeito deve ser pequeno".
"Não é a redução do compulsório que fará aumentar a procura por empréstimos. A demanda depende da confiança do consumidor, dos juros, da renda e da inadimplência", afirma Roberto Padovani, economista.
Para Fábio Pina, economista da Fecomercio, se o consumidor não tem dinheiro ou está desempregado, não adiantam juros baixos. "O governo precisa criar condições para aumentar os investimentos."
Por enquanto, os empresários estão desanimados. "Eles só voltarão a investir se o custo do dinheiro diminuir", afirma Julio Gomes de Almeida, diretor do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
A redução do compulsório dos bancos pode desamarrar a economia, na análise de Alberto Borges Matias, sócio da ABM Consulting. "Ninguém sabe o que os bancos farão com esse dinheiro. Eles poderão usar uma parte para investir em títulos públicos", diz.


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