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TRABALHO
Pesquisa mostra que, entre 1992 e 2002, aumento foi menor entre trabalhadores com ensino fundamental e superior
Desemprego afeta mais escolaridade média
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
De 1992 a 2002, o desemprego
cresceu mais entre brasileiros
com escolaridade média. É o que
mostram tabulações feitas pelo
Iets (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade) a partir da
Pnad (Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios), do IBGE. O aumento na taxa foi verificado em todas as faixas de escolaridade, mas os brasileiros que
possuem o ensino médio incompleto ou completo foram os que
mais sofreram.
Nesse período, a taxa de desemprego entre a população de 15
anos ou mais subiu de 6,6% para
9,2%, um aumento de 2,6 pontos.
Entre os que não completaram o
ensino médio (mas que têm ensino fundamental completo), o aumento na taxa foi de seis pontos
percentuais, de 11,6% para 17,6%.
Brasileiros com ensino médio
completo também tiveram aumento acima da média: 3,5 pontos, de 7,4% para 10,9%.
Nos dois extremos da escolaridade, a taxa de desemprego é menor e o crescimento no período
foi menos acentuado. A taxa de
desemprego em 2002 entre os que
não completaram nem o ensino
fundamental é de 7,8%, um aumento de 1,7 ponto percentual em
comparação com 1992.
No outro extremo, o de pessoas
que ao menos ingressaram no ensino superior, a taxa é a menor de
todas: 5,4%, o que também representa aumento de 1,7 ponto.
Quem estuda espera mais
Para André Urani, diretor-executivo do Iets, isso não significa
que quem estudou mais esteja em
pior situação no mercado.
"A pessoa que estudou mais e
investiu seu tempo em formação
tem mais condições de esperar
mais tempo para conseguir um
emprego compatível com a sua
formação. O trabalhador de baixa
escolaridade sabe que tem menos
chances no mercado de trabalho e
aceita qualquer coisa para sobreviver", explica Urani.
Os dados mostram ainda que os
desempregados têm um perfil de
escolaridade melhor do que os
empregados. A taxa de analfabetismo entre desempregados é de
4,9%, enquanto entre os empregados é de 10,1%. A média de anos
de estudo entre quem não tem
emprego é de 7,6 anos, enquanto
entre os ocupados é de 6,9 anos.
Os dados do Iets evidenciam
também a dificuldade de achar
emprego quando não se tem experiência. A taxa é de 18,3% entre
jovens de 15 a 24 anos, ante 6,9%
entre os que têm de 25 a 49 anos
de idade.
Maior entre os jovens
Desde 1992, a taxa entre os mais
jovens é maior do que entre os
que têm de 25 a 49 anos, mas essa
distância ficou ainda maior. Se,
em 1992, o desemprego entre os
jovens era 7,4 pontos percentuais
maior do que entre os mais velhos, em 2002 essa diferença chegou a 11,4 pontos.
Para Urani, o desemprego subiu
mais entre os jovens também porque houve queda, em números
absolutos, dos brasileiros nessa
faixa etária que procuram emprego. Ele explica que a taxa de desemprego é calculada a partir da
população que diz estar procurando emprego, ou seja, um jovem que só estuda e não procurou
emprego não é considerado desempregado.
"Como os jovens estão retardando a entrada no mercado de
trabalho para estudar, o número
de desempregados nessa faixa
etária pode não ter crescido tanto
e isso não significa que eles sejam
os mais prejudicados", afirma.
Mulheres e negros e pardos
também tiveram mais dificuldade
para achar emprego em 2002 do
que em 1992. A taxa de desemprego entre mulheres é de 11,7%
-subiu 3,5 pontos percentuais. A
de homens é de 7,4%, tendo subido 1,8 ponto.
Entre negros e pardos, a taxa de
desemprego é de 10,4% (aumento
de 3,1 pontos), enquanto entre
brancos ela fica em 8,2% (aumento de 2,2 pontos).
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