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Fiesp cria "juntas" para desafogar sistema
Empresários terão "câmara de mediação e conciliação" para tentar dissolver conflitos menores e aliviar a carga do Judiciário
"Mutirão" em todo o Estado
vai tentar atrair partes em
conflito para resolver casos
antes que eles cheguem à
Justiça e a sobrecarreguem
DA REPORTAGEM LOCAL
O desempenho da Justiça
paulista vem levando a iniciativas do próprio setor privado
para tentar driblar a morosidade e desafogar o sistema.
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), por exemplo, acaba de criar
uma "câmara de mediação e
conciliação" de conflitos empresariais com o objetivo de aliviar a carga de trabalho futura
do Judiciário.
"A intenção é tentar um acordo entre as partes antes que o
processo vá para a Justiça, que
já está sobrecarregada. O objetivo é tirar ações menos complexas do sistema", afirma Helcio Honda, da assessoria jurídica da Fiesp.
As câmaras estão em fase final de criação, e a Fiesp está organizando um "mutirão" em
todo o Estado para atrair partes
interessadas em resolver suas
pendências antes de recorrer
ao Judiciário.
De forma a evitar a Justiça
paulista, o pesquisador da USP
Ivan Ribeiro, autor do ranking
que coloca São Paulo na 15ª posição no país entre 27 Estados,
afirma que empresários têm incluído em seus contratos cláusula transferindo para o Rio de
Janeiro as discussões judiciais
que eventualmente apareçam.
Isso ocorre porque a Justiça
do Rio tem hoje as chamadas
Varas Empresariais, que surgiram a partir das Varas de Falências e Concordatas e aceleraram a resolução de conflitos
empresariais.
Em dezembro de 2001, essas
varas passaram a julgar outras
matérias, como direito marítimo, societário e de propriedade
intelectual. Com o aumento de
competências, elas também receberam o título de Varas Empresariais e hoje julgam até
ações coletivas de direito do
consumidor.
Entre os elementos do ranking elaborado por Ribeiro, foram analisados desde o grau de
escolaridade e urbanização dos
Estados envolvidos até a informatização, o número de processos por metro quadrado de
área construída nos tribunais, o
número de casos por 100 mil
habitantes, a carga de trabalho
e o orçamento da Justiça por
metro quadrado de instalações.
Já a cientista política Maria
Tereza Sadek, especialista em
questões do Judiciário, afirma
que a base de dados do estudo
de Ribeiro pode não ser suficiente para as conclusões alcançadas em nível nacional.
Ribeiro afirma que, com base
em projeções econométricas, é
possível chegar a indicadores
confiáveis com esses números.
O estudo do pesquisador,
realizado com apoio e patrocínio da rede internacional
Tndnet.Org, será tema de um
seminário na Bovespa, no próximo dia 18, em que será abordada a insegurança jurídica entre empresas.
(FCZ)
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