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"Espírito" carioca faz empresário tirar gravata
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO
DA SUCURSAL DO RIO
Surfista tardio, Ari Svartsnaider, 51, criador da marca de sapatos Mr. Cat, personifica o
"espírito" dos empresários e
executivos cariocas ou daqueles que se radicaram no Rio.
Acorda todos os dias às 7h e
surfa durante duas horas na
praia da Macumba (zona oeste
do Rio). E pratica jiu-jítsu pelo
menos três vezes por semana.
"Está provado que dividir o
tempo entre o surfe e o trabalho funciona, desde que você
tenha disciplina. A Califórnia é
a sétima [maior] economia do
mundo, lá as pessoas pegam
onda e trabalham de bermuda.
Não precisa estar padronizado", diz Svartsnaider, que usa
cabelos e barba compridos e começou a surfar aos 40 anos.
Com muitos bilhões a mais
para administrar, o presidente
da Petrobras, o baiano José
Sergio Gabrielli, prefere uma
atividade física menos radical:
caminhar no calçadão de Ipanema, bairro da zona sul da capital fluminense onde mora
com a mulher, e malhar quatro
vezes por semana.
Gabrielli -que se tornou diretor da Petrobras em 2003 e,
em 2005, assumiu o comando
da estatal- aceitou a proposta
de se mudar para o Rio por causa do "desafio de ser parte de
uma equipe liderada pelo presidente Lula, que pretende redirecionar o desenvolvimento
brasileiro com mais inclusão
social e crescimento".
Missão que lhe custou ter só
dez dias de férias por ano e
muito trabalho aos sábados e
domingos. "Trabalho até 15 horas por dia, mas tenho procurado trabalhar menos nos finais
de semana", disse o executivo,
que costuma fazer as refeições
na estatal. Na última sexta-feira, porém, foi visto saboreando
uma moqueca baiana no tradicional Oxalá, restaurante da Cinelândia, centro do Rio, desprovido de qualquer glamour.
Convites recusados
Amante confessa do Rio, Maria Sílvia Bastos Marques, presidente da seguradora Icatu
Hartford, disse ter recusado vários convites para trabalhar em
São Paulo. "Gosto da praia, da
vida ao ar livre e da descontração da cidade."
Também apaixonado pela cidade, Rogério Manso tinha
uma carreira sólida na Petrobras, empresa da qual foi diretor. Largou tudo e se mudou
neste ano para São Paulo para
trabalhar como vice-presidente de comercialização da Brenco, empresa que investe em usinas de álcool.
"Foi, de fato, um pouco difícil. Sou um fã do Rio. Pesou a
oportunidade de ajudar a construir uma companhia com alto
padrão de governança, num setor em que o Brasil tem um
enorme potencial a desenvolver. Além do mais, há uma afinidade com minha experiência
na área de energia", diz Manso,
que optou por morar nos Jardins, bairro da capital paulista,
por ter uma "carinha" de Ipanema.
No sentido inverso, o diretor
de Gás e Energia da Petrobras,
Ildo Sauer, saiu de São Paulo,
onde tinha uma destacada carreira acadêmica na área de
energia, para trabalhar na estatal. Ele diz gostar de morar no
Rio, embora vá a São Paulo todos os finais de semana para ficar com a família.
O calor e o ar menos formal
do carioca fazem muitos executivos abrirem mão do terno e
gravata. Paulo Ceschin, presidente da Geoplan, diz que só
usa terno e gravata quando é
"muito necessário". Nos finais
de semana, ele encontra a família em Curitiba.
"Casual day"
Na Petrobras, sexta-feira é
"casual day". Na Vale do Rio
Doce, o formalismo do terno
prevalece todos os dias.
A beleza natural do Rio é um
dos fatores que atraem os executivos. "Gosto de São Paulo,
mas sou mais feliz aqui. Lá eu
convivia com caminhões, carros, trânsito intenso. Aqui vou
para o trabalho pela orla do Rio,
passo pelo Leblon, por Ipanema e Copacabana. No caminho,
vejo pessoas correndo, caminhando no calçadão e andando
de bicicleta. Chego ao serviço
com outro astral", afirma o diretor comercial da Sul América
Capitalização, Cesar Tadeu Dominguez, que veio de São Paulo
para trabalhar no Rio há oito
anos por opção da empresa.
Mineiro de São João del-Rei
com "alma de carioca", o presidente do Trem do Corcovado,
Sávio Neves, 42, diz que o Rio
atrai pela informalidade.
"Sou completamente integrado ao ambiente do Rio. Aqui
as pessoas estabelecem relacionamentos de uma maneira despojada, em espaços democráticos. O local de encontros, tanto
pessoais como profissionais, é a
praia, andando de bicicleta, durante uma feijoada, na escola
de samba. Gosto do estilo de vida da cidade", diz o executivo.
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