São Paulo, domingo, 05 de agosto de 2007

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"Espírito" carioca faz empresário tirar gravata

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO
DA SUCURSAL DO RIO

Surfista tardio, Ari Svartsnaider, 51, criador da marca de sapatos Mr. Cat, personifica o "espírito" dos empresários e executivos cariocas ou daqueles que se radicaram no Rio. Acorda todos os dias às 7h e surfa durante duas horas na praia da Macumba (zona oeste do Rio). E pratica jiu-jítsu pelo menos três vezes por semana.
"Está provado que dividir o tempo entre o surfe e o trabalho funciona, desde que você tenha disciplina. A Califórnia é a sétima [maior] economia do mundo, lá as pessoas pegam onda e trabalham de bermuda. Não precisa estar padronizado", diz Svartsnaider, que usa cabelos e barba compridos e começou a surfar aos 40 anos.
Com muitos bilhões a mais para administrar, o presidente da Petrobras, o baiano José Sergio Gabrielli, prefere uma atividade física menos radical: caminhar no calçadão de Ipanema, bairro da zona sul da capital fluminense onde mora com a mulher, e malhar quatro vezes por semana.
Gabrielli -que se tornou diretor da Petrobras em 2003 e, em 2005, assumiu o comando da estatal- aceitou a proposta de se mudar para o Rio por causa do "desafio de ser parte de uma equipe liderada pelo presidente Lula, que pretende redirecionar o desenvolvimento brasileiro com mais inclusão social e crescimento".
Missão que lhe custou ter só dez dias de férias por ano e muito trabalho aos sábados e domingos. "Trabalho até 15 horas por dia, mas tenho procurado trabalhar menos nos finais de semana", disse o executivo, que costuma fazer as refeições na estatal. Na última sexta-feira, porém, foi visto saboreando uma moqueca baiana no tradicional Oxalá, restaurante da Cinelândia, centro do Rio, desprovido de qualquer glamour.

Convites recusados
Amante confessa do Rio, Maria Sílvia Bastos Marques, presidente da seguradora Icatu Hartford, disse ter recusado vários convites para trabalhar em São Paulo. "Gosto da praia, da vida ao ar livre e da descontração da cidade."
Também apaixonado pela cidade, Rogério Manso tinha uma carreira sólida na Petrobras, empresa da qual foi diretor. Largou tudo e se mudou neste ano para São Paulo para trabalhar como vice-presidente de comercialização da Brenco, empresa que investe em usinas de álcool.
"Foi, de fato, um pouco difícil. Sou um fã do Rio. Pesou a oportunidade de ajudar a construir uma companhia com alto padrão de governança, num setor em que o Brasil tem um enorme potencial a desenvolver. Além do mais, há uma afinidade com minha experiência na área de energia", diz Manso, que optou por morar nos Jardins, bairro da capital paulista, por ter uma "carinha" de Ipanema.
No sentido inverso, o diretor de Gás e Energia da Petrobras, Ildo Sauer, saiu de São Paulo, onde tinha uma destacada carreira acadêmica na área de energia, para trabalhar na estatal. Ele diz gostar de morar no Rio, embora vá a São Paulo todos os finais de semana para ficar com a família.
O calor e o ar menos formal do carioca fazem muitos executivos abrirem mão do terno e gravata. Paulo Ceschin, presidente da Geoplan, diz que só usa terno e gravata quando é "muito necessário". Nos finais de semana, ele encontra a família em Curitiba.

"Casual day"
Na Petrobras, sexta-feira é "casual day". Na Vale do Rio Doce, o formalismo do terno prevalece todos os dias.
A beleza natural do Rio é um dos fatores que atraem os executivos. "Gosto de São Paulo, mas sou mais feliz aqui. Lá eu convivia com caminhões, carros, trânsito intenso. Aqui vou para o trabalho pela orla do Rio, passo pelo Leblon, por Ipanema e Copacabana. No caminho, vejo pessoas correndo, caminhando no calçadão e andando de bicicleta. Chego ao serviço com outro astral", afirma o diretor comercial da Sul América Capitalização, Cesar Tadeu Dominguez, que veio de São Paulo para trabalhar no Rio há oito anos por opção da empresa.
Mineiro de São João del-Rei com "alma de carioca", o presidente do Trem do Corcovado, Sávio Neves, 42, diz que o Rio atrai pela informalidade.
"Sou completamente integrado ao ambiente do Rio. Aqui as pessoas estabelecem relacionamentos de uma maneira despojada, em espaços democráticos. O local de encontros, tanto pessoais como profissionais, é a praia, andando de bicicleta, durante uma feijoada, na escola de samba. Gosto do estilo de vida da cidade", diz o executivo.


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